Condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, Cesare Battisti tem reclamado das condições de seu encarceramento.
Parentes e admiradores do ex-militante de extrema esquerda denunciaram a "tortura" do isolamento que ele sofre na prisão onde cumpre pena.
"O Ministério (da Justiça italiano) o prendeu em uma espécie de 'bolha'", disse um familiar à agência AFP, que pediu para não ser identificado.
Ele informou que a família deseja que Battisti, de 65 anos, volte a viver com uma certa "normalidade", dentro do que determina a lei.
O ex-líder do grupo radical italiano Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) foi preso em janeiro de 2019, na Bolívia, após uma fuga de mais de quatro décadas entre a França e o Brasil.
Depois de ser preso , Battisti foi extraditado para a Itália e pela primeira vez reconheceu, perante um juiz, sua responsabilidade nos assassinatos.
Na prisão, Cesare Battisti continuou a escrever e publicar.
Segundo seus parentes, ele terminou um novo romance que eles esperam poder publicar na França e no Brasil.
"Ele só tem a escrita", dizem.
Depois de ser informado que Battisti confessou sua participação nos quatro assassinatos, o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) se arrependeu de tê-lo protegido durante anos.
"Estamos frustrados, decepcionados. Não teria nenhum problema em pedir desculpas à esquerda italiana e às famílias [das vítimas] de Battisti", disse Lula.
Battisti foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato, em 1978, de Antonio Santoro, um guarda penitenciário, e Andrea Campagna, que trabalhava como motorista da polícia, um ano depois.
Ele também foi condenado por cumplicidade nos assassinatos, em 1979, de Pier Luigi Torregiani, um joalheiro, e Lino Sabbadin, um açougueiro.
Pierluigi Torregiani, Lino Sabbadin, Antonio Santoro e Andrea Campagna, as vítimas de Battisti (Foto: Ansa)
Battisti cumpria pena numa prisão de segurança máxima na Sardenha, em um confinamento solitário reservado a certos detidos condenados por terrorismo.
O ex-militante pediu, então, para ser transferido para uma prisão mais perto da residência de sua família.
Após uma greve de fome, em setembro, ele foi levado para a penintenciária de Rossano, na Calábria, no sul da Itália.
Segundo pessoas próximas ao ex-militante, enquanto na Sardenha ele podia pelo menos usar o seu computador, na Calábria "ele não tem nada".
"Até o papel é racionado e ele passa o dia olhando para a parede", denunciou o familiar, explicando que os parentes estão estudando formas de entrar com um recurso junto à justiça europeia. "É uma verdadeira tortura", ressaltam.
Os parentes também denunciam que ele foi ameaçado por prisioneiros condenados por terrorismo islâmico.
Uma petição assinada por vários escritores e cineastas, principalmente franceses, pede que o governo perdoe os crimes políticos cometidos na década de 1970 por Battisti na Itália.
(Com informações da AFP)