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Edição: Hugo Julião
15:59
07/03/2022

Ucrânia obriga soldados russos capturados a desfilar para mostrar 'arrependimento'

A Ucrânia fez desfilar perante a imprensa soldados russos capturados no front e obrigados a mostrar arrependimento.

Fou um uso político dos prisioneiros de guerra que levanta dúvidas e tem propósitos de propaganda. 

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) lembrou que os inimigos capturados devem ser tratados com "dignidade".

Já o governo russo acusou as autoridades ucranianas de "torturar" os soldados presos.

 

Soldados russos capturados respondem a perguntas da mídia em uma coletiva de imprensa na agência de notícias Interfax em Kiev, Ucrânia, no sábado (5) // Fotos: AP Photo/Efrem Lukatsky

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A Ucrânia tem se preocupado em proteger sua imagem contra a Rússia e o país é alvo de uma campanha de solidariedade internacional sem paralelo.

Mas na sexta-feira, as autoridades ucranianas alinharam 10 jovens soldados russos sob as luzes de neon de uma redação de Kiev, com os rostos desenhados ou arranhados. 

Com olhos vermelhos, alguns se esquivaram das câmeras, olhando para a parede ou para as botas. Outros, no entanto, pareciam mais confortáveis. 

Foi a segunda vez em uma semana que o SBU, os serviços de segurança ucranianos, realizou esse tipo de prática. 

Na sexta-feira, a cena foi penosa. Os soldados chegaram ao local da coletiva de imprensa e foram colocados em fila, vendados com fita adesiva. 

Eles avançaram segurando os ombros um do outro para não cair, observou um jornalista da agência France-Presse  Eles foram então levados para uma sala onde assistiram vários vídeos. 

De acordo com o som que se ouvia, pareciam imagens de bombardeios. "Zhytomyr, Kharkiv, Chernihiv, veja o que seu exército está fazendo", disse um oficial ucraniano atrás da porta.

Em seguida, os jovens soldados em uniforme russo tiveram que anunciar às câmeras seu nome, sua unidade e em que condições chegaram à Ucrânia.

Além disso, afirmaram ter se oferecido voluntariamente para denunciar as ações da Rússia na Ucrânia, declaração que levanta dúvidas, pois todos se expressaram da mesma forma. 

Todos garantiram que foram bem tratados e concluíram pedindo aos russos que não acreditassem nas "mentiras" do presidente Vladimir Putin. 


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A Rússia não reagiu especificamente a essas encenações.

Mas o porta-voz do ministério das Relações Exteriores afirmou em 27/02 que os prisioneiros estavam sendo submetidos à mesma "tortura" perpetrada pelos "nazistas alemães e seus capangas".


O Comitê Internacional da Cruz Vermelha lembrou em um comunicado o que consta na Convenção de Genebra:

"Prisioneiros de guerra e detidos civis devem ser tratados com dignidade e protegidos em todos os momentos de maus-tratos e exposição pública, inclusive em imagens que circulam publicamente nas redes sociais".

A agência France-Presse perguntou ao ministério da Defesa ucraniano e ao SBU sobre isso, mas eles se recusaram a comentar.

Em um vídeo, Oleksii Arestovich, conselheiro da presidência, limitou-se a pedir "tratamento humano aos prisioneiros" e lembrou que os parceiros ocidentais da Ucrânia permanecem vigilantes.

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