Saúde

Edição: Hugo Julião
10:05
17/11/2021

Mulher na Argentina pode ser 2º caso de cura espontânea do vírus HIV

Pesquisadores relataram, pela segunda vez, um caso de uma pessoa cujo sistema imunológico pode ter eliminado o HIV naturalmente, sem o uso de tratamentos ou intervenções.

O episódio ocorreu com uma mulher na cidade de Esperanza, na Argentina, segundo revela um estudo publicado nessa terça-feira (16) no periódico médico Annals of Internal Medicine.

Cerca de 38 milhões de pessoas vivem com a infecção pelo HIV em todo o mundo; se não for tratada, a infecção pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida ou AIDS
Breno Esaki/Agência Saúde

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A paciente havia sido diagnosticada com o HIV em 2013 e não chegou a apresentar sinais da infecção, segundo o site Stat News.

Na verdade, testes tradicionais não encontraram evidências de que o vírus estava ativo e se replicando em seu corpo.

Apenas a presença de anticorpos sugeria que ela já havia sido infectada.

Desde 2017, médicos da Argentina e dos Estados Unidos vêm coletando amostras de sangue dela, a fim de encontrar vestígios do vírus causador da aids.

Em caso raro, mulher teve cura do HIV somente com a ação do próprio sistema imunológico (Foto: Wikimedia Commons)

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Em março de 2020, quando a paciente deu à luz, os especialistas analisaram até mesmo o material genético de sua placenta.

Mas nada foi encontrado, mesmo após o estudo minucioso de mais de 1,19 bilhão de células sanguíneas e 500 milhões de células de tecido de seu organismo.

Isso significa que as células de defesa da argentina, apelidada de “Paciente Esperanza”, podem ter eliminado o vírus em um raro fenômeno chamado de “cura esterelizante”.

Isso nos dá esperança de que o sistema imunológico humano seja poderoso o suficiente para controlar o HIV e eliminar todos os vírus funcionais”, explica Xu Yu, imunologista que foi um dos responsáveis por coordenar o estudo, ao Stat News.

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É possível, segundo os cientistas, que pessoas com uma cura "natural" ainda tenham reservatórios virais que podem produzir novos vírus.

Na maioria dos infectados pelo HIV, a terapia antirretroviral (TARV, na sigla em inglês) previne que isso aconteça.

Mas, na "Paciente Esperanza", as chamadas células T, que atuam no sistema imune, possivelmente são o que mantém o agente infeccioso suprimido sem a necessidade de medicação. 

Uma melhor compreensão desses mecanismos imunológicos pode ajudar os pesquisadores a desenvolverem tratamentos que imitem essa defesa espontânea contra o HIV.

Estamos agora olhando para a possibilidade de induzir esse tipo de imunidade em pessoas em terapia antirretroviral (TARV) por meio da vacinação, com o objetivo de educar seus sistemas imunológicos a serem capazes de controlar o vírus sem a TARV”, conta Yu, em comunicado.

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