Todas as segundas-feiras, durante o verão europeu, a Praça da República no centro de Paris se transforma em uma cidade do interior do Nordeste.
A animação é garantida pelos bailes de forró, uma iniciativa do ativista cultural negro Malandjo Danho.
Desde 2014, quando a "ocupação urbana" que Malandjo usava para fazer seus eventos foi desocupada pela polícia, ele transferiu seus bailes dançantes para a praça pública.
"Quando fecharam a ocupação, eu estava com muita raiva. Vi a Praça da República e disse: vamos dançar na rua”, conta.
Ele não pediu nenhuma autorização municipal, apenas instalou o som na praça e convidou o povo para dançar.
Os “dois primeiros anos foram de combate, com o material confiscado”, até o surgimento do movimento de contestação social Nuit Debout (Noites em Claro), em 2016, quando jovens ocuparam a Praça da República durante vários meses, inicialmente contra a reforma da legislação trabalhista.
“Quando vi o movimento Nuit Debout, eu disse: não me deixam dançar, mas lutar, gritar pode!”, lembra o ativista.
Os bailes de forró na Praça da República em Paris acontecem todas as segundas-feiras, à partir de 19h, durante a temporada de verão na França (Foto:Gros Câlin Debout)
Ele criou então o “Gros Câlin Debout” (Grande abraço em pé) e pode “recuperar” a praça. Desde 2016, ele organiza no local todas as noites, sem nenhum problema, bailes durante seis meses do ano.
“Começamos com o forró que era o mais simples porque eu conhecia o pessoal do forró. Mas rapidamente incluímos outras danças (Bachata, Rock, Salsa, Tango...). Adoro o forró, que é uma dança fácil, simples para qualquer dançarino. Podemos falar de uma dança popular porque todo mundo pode ser apropriar do forró," diz Malandjo, que faz questão de ressaltar a semelhança sonora entre seu nome e a palavra portuguesa “malandro”.
Este ano, por causa da pandemia e da quarentena imposta pelo governo para frear a disseminação do coronavírus, o “Gros Câlin Debout” teve que esperar a flexibilização do confinamento na França para poder voltar a animar as noites parisienses a partir do final de maio.
O baile é gratuito, mas os participantes são convidados a contribuir com € 2 simbólicos.
Malandjo disponibiliza o som e a música e este ano, em respeito às medidas sanitárias, colocou álcool em gel à disposição e máscaras à venda. “Mas quase ninguém compra!”
Marie Bounazel e o professor de forró Gilmair Arruda (Foto: Adriana Brandão/RFI)
Ele também convida os professores que antes da festa começar, ensinam os interessados a dançar.
A aula de forró este ano, que também é gratuita, é ministrada por Gilmair Arruda, campeão de Forró Pé de Serra em 2007, que trocou Brasília por Paris há seis meses.
Ele ressalta que há alguns anos “a galera da Europa começou a fomentar muito essa cultura nordestina” e que o forró era mais popular no velho continente do que no Brasil.
Recentemente, a prática da dança recuou um pouco e Gilmair espera participar de sua renovação na França. Para ele, o forró é um bom cartão de visita para sua integração em Paris:
“Estamos fazendo essa iniciação com um público muito agradável, num ambiente muito agradável. Algumas pessoas que estão fazendo a aula estão me procurando, querendo aula particular”, revela o professor.
Gilmair conta com a ajuda da francesa e parceira Marie Bounazel que aprendeu a dançar forró, e de quebra o português, na França.
Ela conhece os outros estilos de dança brasileiros, mas considera o forró o melhor de todos.
“Eu me apaixonei porque o forró é uma dança muito linda. Tem várias músicas e formas de dançar diferentes. As pessoas têm vontade de praticar e compartilhar com muita alegria”, garante Marie.
O público é muito variado e flutuante. A Praça da República é um dos lugares mais movimentados de Paris.
No início das aulas, às 19h, muita gente fica olhando, intrigada. Mas aos poucos, o número de alunos interessados começa a aumentar.
Laurence que participou do curso de forró pela primeira vez gostou da dança e do ambiente cosmopolita. Segundo ela, a aula “é muito legal”. “
Estamos no verão, temos vontade de dançar, ver pessoas. Tem gente de muitas nacionalidades diferentes, que vem de vários lugares do mundo. É muito agradável”, descreve.
Depois da aula, começa o baile que vai até altas horas da noite e reúne frequentadores assíduos.
Nem todo mundo tem o mesmo nível, mas o importante é encontrar um par, como ressalta Vincent, que dança muito bem, e aprendeu forró em festas parisienses, sem nunca ter ido ao Brasil.
“Todo mundo está à altura. Encontramos pessoas que sabem dançar ou que dançam mais ou menos. A gente sempre consegue se entender e conseguimos nos divertir. Não viemos aqui para fazer uma performance, mas para interagir”, garante o forrozeiro francês.
Com a crise do coronavírus, o número de participantes nos bailes de forró da Praça de República de Paris diminuiu em relação aos anos anteriores, mas não a animação da festa.
Todo mundo dança agarradinho, mas ninguém usa máscara.
Os dançarinos justificam que o baile é ao ar livre (o uso de máscaras é obrigatório na França, por enquanto, apenas nos locais públicos fechados) e a descontração da dança brasileira prevalece.
“Dá para começar dançando forró sozinho, mas terminar sozinho não dá!”, confirma o professor Gilmair.
Fonte: RFI
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