11/04/2020 18:23

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A contagem regressiva para a Apollo 13, a terceira missão planejada de pouso na Lua, continuava suavemente em direção à partida de 11 de abril de 1970.

Dois dias antes do lançamento, no entanto, os gerentes de missão decidiram substituir o piloto principal do Módulo de Comando, Thomas Mattingly, pelo seu reserva John L. Swigert, porque Mattingly havia sido exposto ao sarampo, ao qual não tinha imunidade natural.

O comandante da tripulação, James A. Lovell e Fred W. Haise, piloto do módulo lunar, e o substituo de Thomas, Swigert, todos tinham imunidade natural à doença.

Swigert completou a atualização em treinamentos de última hora e se integrou bem a Lovell e Haise como a nova equipe da Apollo 13.

Os três astronautas que embarcaram no foguete Saturn V para a missão Apollo 13: Fred W. Haise Jr. (à esquerda), James A. Lovell Jr (ao centro) e John L. Swigert Jr. (à direita) (Fotos: Nasa)

Seguindo a tradição, na área dos alojamentos da tripulação, o chefe do Escritório de Astronautas acordou a tripulação pouco antes das 9h da manhã de lançamento.

Depois de breves exames, Lovell, Swigert e Haise dirigiram-se para o tradicional café da manhã pré-lançamento de bife e ovos.

A partir daí, o trio passou para a área de adequação, onde os técnicos os ajudaram a vestir seus trajes espaciais.

Eles embarcaram na van de transferência para fazer a viagem de 13 km até a plataforma de lançamento.

Lá, eles pegaram o elevador até a altura de mais de 30 andares da torre de lançamento.

Menos de duas horas e meia antes da decolagem, todos os três tripulantes estavam dentro da cápsula.

Começaram então suas listas de verificação de pré-lançamento enquanto a equipe de fechamento da plataforma lacrava a escotilha da espaçonave para o vôo.

Os engenheiros do Centro de Controle de Lançamento continuaram monitorando a contagem regressiva, que prosseguiu sem incidentes.

Aproximadamente 100.000 espectadores esperavam nas praias próximas para assistir ao lançamento.

A decolagem ocorreu precisamente às 14h13 (horário de Brasília) do dia 11 de abril de 1970.

Totalmente abastecido, o Apollo 13 Saturn V foi o veículo espacial mais pesado de todos os tempos.

Quatro imagens da Terra de uma série de 11 fotografias tiradas durante o primeiro dia da missão no espaço. Durante esse período, eles saíram da distância de 64 mil km da Terra para mais de 100 mil km.

Uma hora e 48 minutos após a decolagem, a velocidade da Apollo 13 atingiu 39 mil km por hora, rápido o suficiente para escapar bem da gravidade da Terra e ir em direção à Lua.

Ao atingir em torno de 22 mil km de distância, a velocidade diminuiu para 18 mil km por hora, à medida que a gravidade da Terra continuava puxando a espaçonave.

A equipe completou algumas tarefas domésticas, jantou e se acomodou na primeira noite de sono no espaço.

Pela transmissão da TV no 2º dia do voo. Esquerda: a lua e um lixão; meio: Haise (esquerda) e Lovell; direita: Swigert

No momento em que a tripulação acordou para o segundo dia no espaço, a Apollo 13 havia alcançado uma distância de 175.000 quilômetros da Terra.

Como parte do briefing diário de notícias para a tripulação, foi relatado o rompimento dos Beatles.

E, ao lembrar aos astronautas que o dia 15 de abril, o Dia do Imposto de Renda, estava se aproximando, Swigert confessou timidamente que, na emoção de ser acrescentado à tripulação, ele havia esquecido de registrar seus impostos!

No fim do dia, os astronautas começaram seu segundo período de descanso da missão, a uma distância de cerca de 257.000 km da Terra.

A equipe em Terra assiste à transmissão da TV no 3º dia da Apollo 13

As três redes de TV americanas aparentemente pensaram que os vôos para a Lua haviam se tornado tão rotineiros que nenhum apresentou a transmissão do 3º dia.

Ofereceram no horário um jogo de beisebol, um episódio de reprise de I Love Lucy e The Dick Cavett Show.

Mas ao final da transmissão, às 55 horas e 55 minutos de voo, Swigert gritou: "Houston, tivemos um problema aqui".

Um curto circuito no ventilador do tanque de oxigênio causou uma explosão nesse compartimento.

O efeito foi tão intenso que acabou atingindo também parte do módulo onde estavam os astronautas — causando a despressurização da cabine.

A equipe teve que agir com rapidez: os três astronautas evacuaram para o módulo que seria usado para pousar na Lua, chamado Aquarius, e o usaram como um “bote salva-vidas”.

Mas essa “manobra” não foi tão tranquila: o módulo lunar havia sido projetado para comportar apenas duas pessoas.

Com três homens a bordo, os cilindros de hidróxido de lítio, que deveriam retirar o dióxido de carbono (CO2) expelido pela respiração dos astronautas, começaram a falhar, e o nível de CO2 começou a subir.

Ou seja: os tripulantes poderiam morrer sufocados com a própria respiração.

O problema foi contornado usando cilindros da cabine de comando — que, no entanto, eram maiores do que os projetados para caber no Aquarius.

Com ajuda de mangueiras, sacolas de plástico e fita adesiva, os astronautas conseguiram adaptar um sistema apropriado de circulação de ar.

Equipe Apollo 13 de (esquerda para a direita) Lovell, Swigert e Haise - a fotografia foi realmente tirada após o voo devido à substituição tardia de Mattingly com Swigert

A questão agora era como voltar à Terra: não havia combustível suficiente para simplesmente inverter o movimento da nave com a força dos jatos.

A opção foi colocar a nave numa trajetória de retorno livre, isto é, dar uma volta na Lua e entrar na órbita que os traria de volta ao nosso planeta.

Para isso, foi preciso se livrar do Aquarius, usado para obter impulso.

Deu certo: no dia 17 de abril, o foguete caiu no oceano pacífico e todos retornaram para casa a salvo.

Fonte: Nasa