A Nasa fez história na madrugada dessa quarta-feira (16), ao lançar com sucesso o enorme foguete SLS (Space Launch System ou Sistema de Lançamento Espacial) em direção à Lua, na primeira missão do programa Artemis.
Algo que não acontecia há quase 50 anos - em dezembro de 1972, foi realizada a Apollo 17, última viagem do icônico programa que levou um total de 12 homens para caminhar em nosso satélite.
Na imagem, o lançamento da Artemis 1
A agência espacial norte-americana agora está mais ambiciosa:
quer não apenas levar seres humanos novamente para lá, incluindo a primeira mulher, mas estabelecer uma base lunar e abrir caminho para a exploração de Marte.
Esta primeira etapa não é tripulada e nem pousará na Lua; é uma viagem de 25 dias da cápsula Orion, ao redor de nosso satélite e de volta à Terra, para testar a tecnologia.
Na próxima, Artemis 2, será repetido o mesmo processo, mas com astronautas a bordo.
Só na terceira missão, prevista para 2025, devemos pousar e pisar na Lua novamente.
"Vamos voltar à Lua depois de 50 anos, para ficar, aprender, trabalhar, criar, desenvolver novas tecnologias e novos sistemas e novas espaçonaves para ir a Marte", disse o administrador da Nasa, Bill Nelson.
"Esta é uma tremenda guinada da história."
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Mas por que vai demorar mais de meio século para voltarmos?
Os primeiros homens a pisarem na Lua foram Neil Armstrong e Buzz Aldrin, na missão Apollo 11, em 1969.
O feito aconteceu em meio à Guerra Fria, quando os Estados Unidos e a então União Soviética disputavam a hegemonia mundial, e a corrida espacial foi uma de suas facetas.
Não se poupava esforços ou recursos para demonstrar poder.
Chegar na Lua foi um marco importante para o imaginário popular - os EUA foram considerados "vencedores", apesar de o programa espacial soviético ser mais inovador e avançado.
Depois da Lua, as atenções se voltaram para as estações espaciais; e foram os soviéticos que "ganharam" essa batalha, com décadas de vantagem, posteriormente muito contribuindo para a instalação da ISS (Estação Espacial Internacional).
Com a dissolução da União Soviética e o fim da Guerra Fria, surgiu um pacto de cooperação com a Rússia para exploração do universo - que foi abalado recentemente pela guerra na Ucrânia.
Assim, a principal razão pela qual demorou tanto para a Nasa lançar um novo programa lunar tem menos a ver com ciência ou tecnologia: faltou vontade política e orçamento.
A concorrência também estimulou a agência norte-americana.
A Índia, o Japão, a Rússia e, principalmente, a China, têm suas próprias missões em curso.
E, como nos velhos tempos, os EUA querem se manter à frente nesta nova era da exploração espacial.
Com a evolução das tecnologias, agora há outros motivos para se voltar à superfície lunar.
A Nasa quer fazer mais do que as breves visitas e coletas de amostras da era Apollo:
quer estabelecer uma presença humana constante, incluindo a construção de uma base na Lua e de uma pequena estação em sua órbita.
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A meta é que toda a estrutura e experiência também permitam viagens tripuladas a Marte, inicialmente previstas para o final da década de 2030.
Nosso satélite serviria como um ponto de parada e reabastecimento neste longo trajeto.
Alguns analistas, porém, já enxergam o preço de US$ 93 bilhões do programa Artemis, incluindo US$ 4,1 bilhões para cada um dos primeiros lançamentos, como insustentável.
O programa já está bilhões de dólares acima do orçamento, além de muitos anos atrasado.
Próximas Missôes
Artemis 2:
Em 2024, a jornada deve ser repetida com quatro astronautas a bordo.
Eles farão "apenas" um sobrevoo de dez dias, dando uma volta até o lado oculto da Lua, a cerca de 400 mil quilômetros da Terra (o mais distante no espaço profundo que qualquer ser humano já foi).
Artemis 3:
Em 2025, finalmente, o objetivo é "alunissar" (aterrissar na Lua) e desembarcar a tripulação no polo Sul, um local diferente e mais desafiador do que os visitados durante o programa Apollo.
Nenhuma pessoa, nem sequer uma missão robótica, já pousou lá.
Futuro:
bem-sucedido e com verbas, a etapa seguinte do programa Artemis é instalar o "Lunar Gateway", que orbitaria nosso satélite e serviria de ponto de apoio para missões (uma Estação Espacial em miniatura).
Em parceria com outras agências empresas privadas, como a SpaceX, a Nasa também pretende estabelecer um "acampamento" - uma base permanente em solo.
Com informações do UOL/Marcella Duarte