Ciência & Tecnologia

Edição: Hugo Julião
08:35
21/08/2021

Nasa: desafios para chegar à Lua em 2024 inclui traje espacial de US$ 1 bilhão

Desde que a Casa Branca ordenou a Nasa a mandar astronautas à Lua até 2024, como parte do programa Artemis, todo tipo de desafio intimidador tem aparecido.

Dentre eles: o desenvolvimento do foguete que a agência deveria usar sofreu reveses e atrasos; a espaçonave que levaria os astronautas à superfície lunar ainda não está pronta; e o Congresso não apresentou o financiamento que a Nasa afirma ser necessário.

Astronauta entra em traje espacial e se prepara para treinamento. Foto: Jonathan Newton/Washington Post.

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Outro grande desafio que poderá não ser cumprido no prazo é o desenvolvimento dos trajes espaciais necessários para os astronautas caminharem na superfície lunar.

Provavelmente o programa total de seu desenvolvimento, que poderia custar mais de US$ 1 bilhão para produzir apenas dois trajes, não ficará pronto a tempo.

O Escritório do Inspetor Geral (EIG) da Nasa afirmou em um relatório publicado na terça-feira que o desenvolvimento dos trajes atrasou quase dois anos em razão de faltas de financiamento, impactos da pandemia de coronavírus e desafios técnicos. 

Como resultado, o organismo auditor do governo concluiu que os trajes voadores ficarão prontos, na melhor das hipóteses, em 2025 e que “um pouso na Lua no fim de 2024, como a Nasa planeja atualmente, não é factível”.

Foto de 1969 mostra o astronauta Neil Armstrong, que se tornou o primeiro homem a pisar na Lua, em traje espacial. Foto: AP

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A Nasa tem trabalhado na nova geração de trajes espaciais, que funcionam como mini espaçonaves enquanto protegem os astronautas do vácuo do espaço sideral, há 14 anos, afirmou o EIG.

Em 2016, a Nasa decidiu reunir dois projetos de desenvolvimento de trajes espaciais num só programa, sob sua supervisão. 

Mesmo que o programa tenha sido mantido na agência, componentes para os trajes ainda são fornecidos por 27 empresas.

Os novos trajes terão “novo desenho, para acomodar uma gama maior de tamanhos e melhorar o caimento, o conforto e a mobilidade”, afirmou o EIG. 

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Os trajes terão uma parte inferior mais flexível, que permitirá a astronautas caminhar e ajoelhar mais facilmente e evitar os “saltos de coelho” que os astronautas das missões Apollo davam na Lua entre os anos 1960 e o início da década de 1970.

Ao desenvolver os novos trajes em instalações próprias, afirmou o EIG, a Nasa encontrou várias dificuldades técnicas e de design.

Até as botas deram problemas.

Se a Nasa aterrissar no polo sul da Lua, conforme esperado, o traje e as botas têm de ser capazes de aguentar “mudanças extremas de temperatura" e a transição entre o “ambiente moderado” onde a espaçonave terá pousado e o “ambiente extremo”, da região permanentemente sombria do polo.

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