Na contramão de outros países, o discurso de Cuba, neste segundo dia de sessão extraordinária da Assembleia Geral da ONU, foi marcado por críticas a Otan e aos EUA.
No grupo de poucos países aliados da Rússia, Cuba condenou as sanções aplicadas ao país chefiado por Vladimir Putin e acusou a Otan de agir com "hipocrisia" na condução da guerra com a Ucrânia.
"Cuba rejeita essa hipocrisia e esse duplo padrão na postura da Otan.
Em 1999, houve uma agressão à Iugoslávia e os países da Europa não evitaram a grande perda de vidas por razões geopolíticas.
Os Estados Unidos usaram a força em várias ocasiões em países soberanos para alterar regimes, interferindo na política interna de outros países", disse o embaixador cubano, Pedro Luís Pedroso Cuesta.
Pedro Luis Pedroso Cuesta // Foto: Minrex Cuba
Ainda na avaliação do cubano, os EUA tratam milhões de habitantes dos países invadidos como "efeito colateral" e acusou o governo norte-americano de realizar "guerras de pilhagem e saques".
Outro ponto destacado por Pedro Cuesta foi a minuta de resolução defendida na ONU pelas potências ocidentais em relação à situação da Ucrânia.
Segundo ele, o texto, vetado pela Rússia no Conselho de Segurança nos últimos dias, não foi feito para trazer soluções.
Ucrânia enfrenta falta de produtos médicos e temor de doenças
O país teve que interromper uma campanha urgente para conter um surto de pólio desde que a Rússia invadiu o país, disseram hoje (1º) especialistas de saúde pública.
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O embaixador cubano defendeu que o documento sofre dos mesmos defeitos e da falta de equilíbrio.
“Não leva em conta a soberania de todas as partes, nem reconhece a responsabilidade daqueles que perpetraram as ações agressivas que aumentaram a escala desse conflito", criticou.
O representante de Cuba encerrou a fala ressaltando que o país defende uma solução diplomática do conflito:
"Nós queremos negociações, e não guerra. Essa é a única forma de resolver esse conflito. Cuba vai continuar defendendo a solução diplomática, que seja séria, construtiva e realista", garantiu.
Encontro discute punições contra a Rússia pela invasão à Ucrânia // Reuters
O objetivo da sessão extraordinária da ONU é que seus193 membros se posicionem sobre a invasão russa à Ucrânia.
A votação deve acontecer amanhã (2), após discursos de todos países-membros inscritos.
O encontro extraordinário da ONU em caráter emergencial é raríssimo. Desde a fundação do grupo, em 1945, foram somente 11.
Esta é a primeira vez desde 1982 que o Conselho de Segurança pede uma sessão da Assembleia Geral.