Economia & Negócios

Edição: Hugo Julião
10:34
06/01/2021

Devastado por pandemia, turismo de negócios tem futuro nebuloso

A pandemia de coronavírus obrigou milhões de empresários do mundo a fazer a distância o que sempre fizeram face a face.

O impacto no turismo de negócios, dizimado desde o aparecimento da Covid-19, é de difícil reversão.

O ano de 2020 foi o pior da história da aviação, na qual as viagens profissionais representam a maior fatia das vendas dos bilhetes mais caros.



Na hotelaria não foi diferente – em países como a França, a clientela corporativa ocupa 70% dos quartos.

Na capital Paris, cidade mais visitada do mundo, a fatia é menor, entre 36% e 50%, mas o impacto é igualmente devastador.

O especialista em turismo Mark Watkins, presidente da respeitada consultoria Coach Omnium, avalia que a pandemia terá um impacto irreversível nas reuniões curtas, que provaram ser eficazes por videoconferência.

Entretanto, ele crê na recuperação do segmento ligado a grandes feiras e seminários.

"A longo prazo, não acredito nem um pouco no fim das convenções porque precisamos continuar nos vendo.

Já faz quase 30 anos que estudamos esse mercado e percebemos que as reuniões virtuais, que melhoraram muito com o desenvolvimento de tecnologias, são perfeitas para reuniões de duas horas no máximo”, afirma.

"Se você tem muitas reuniões em um dia ou tem um evento que vai durar vários dias, não é possível. É insuportável."

Gervasio Tanabe, presidente da Asssociação Brasileira de Viagens Corporativas (Abracorp), antecipa uma redução definitiva das viagens de negócios (Divulgação)

No Brasil, país de dimensões continentais, o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), Gervasio Tanabe, acompanha essa tendência.

"Se a gente tiver uma notícia boa da vacinação, por exemplo, talvez o cenário mude bem.

Fazer negócios por vídeo ainda não pegou. Ainda não acontece. Mas na nossa percepção, sim, haverá uma redução do número de viagens”, assume Tanabe.

(...) os nossos associados estão reduzindo estruturas porque anteveem uma queda do volume de viagens.

No que antes precisavam de cinco viagens para viabilizar a assinatura de um contrato, talvez agora esse número caia para duas”, indica o presidente da Abracorp.

Desde a pandemia, os empresários demonstram a intenção de descentralizar grandes reuniões presenciais das equipes espalhadas pelo país.

Tanabe conta o exemplo do CEO de uma multinacional que, duas vezes por ano, costumava reunir centenas de colaboradores em São Paulo.

A partir de agora, é ele quem vai se deslocar às cinco regiões do Brasil.



O presidente da Abracorp lembra ainda que o turismo corporativo abrange muito além de hotéis e transportes.

"Esse é um ponto crucial: não estamos só impactando hotelaria, agências corporativas e companhias aéreas. Estamos impactando uma cadeia enorme que flutua nessa rede corporativa.

Por isso a nossa preocupação de que esse mercado tem que voltar – por mais que seja em 50% ou 40%."

Na Europa, a França é o país que mais recebe congressos internacionais, longe à frente de Lisboa e Berlim.

A pandemia significou a anulação de 800 feiras e congressos no ano passado, conforme a Secretaria de Turismo e de Congressos.

Com informações da RFI

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