20/10/2021 08:15

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A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) denunciou nessa terça-feira (19), no relatório Case descriptions of protestors detained by the Cuban government, July 2021 (Descrições de casos de manifestantes detidos pelo governo cubano, julho de 2021), como foi a repressão da ditadura cubana aos protestos pacíficos de 11 de julho.

Todas as descrições são baseadas em relatos de vítimas, parentes ou advogados.

A ONG teve acesso a vídeos que comprovam os depoimentos.

Homem preso em manifestação contra o governo de Cuba, na cidade de Havana, em 11 de julho de 2021 (Getty Images)

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Foram documentados 130 casos de repressão em 13 das 15 províncias cubanas.

As autoridades acusaram os envolvidos de praticar atos de violência, na maioria das vezes atirando pedras durante os protestos.

As forças militares, a polícia nacional e os “boinas negras” — brigada do governo cubano utilizada para coibir atos terroristas e ameaças nacionais — seriam os responsáveis pelos maus-tratos e procedimentos criminais abusivos.

Juan Pappier, pesquisador da HRW, falou sobre os julgamentos.

Manifestantes pacíficos foram sistematicamente detidos, mantidos incomunicáveis, submetidos a abusos ​​em condições carcerárias terríveis, e julgados em processo que são verdadeiras farsas.” comentou.

Segundo o relatório, alguns presos foram maltratados, forçados a realizar “agachamentos nus”, privados de sono, ameaçados e trancados em celas sem luz.



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Veja alguns dos relatos:

 

Raul Prado, 35 anos

Foi preso quando protestava em frente ao Instituto Cubano de Rádio e TV.  

Passou por interrogatório e liberado mais tarde.

Raul permanece sendo investigado por ‘desordem pública’ e não pode sair do país.”

Rolando Remedios Sánchez , 25 anos

A polícia o prendeu quando ele participava de uma manifestação pacífica.

Passou seis dias sem pode falar com ninguém, além de ter sido espancado e forçado a agachar nu.

Rolando foi liberado em 16 de agosto, mas é obrigado a ligar para uma delegacia de polícia todos os meses por estar sob investigação criminal.”

Magdelys Curbelo Anglés, 22 anos 

A polícia a agarrou pelos cabelos, detendo-a quando ela participava de uma manifestação pacífica.

Ela foi mantida em uma cela superlotada e mal ventilada com 11 outros detidos.

Os policiais a acordaram repetidamente à noite para interrogatórios e a forçaram a gravar um vídeo dizendo que estava sendo mantida em condições adequadas.

Em 22 de julho, foi condenada a 10 meses de prisão por ‘desordem pública’.

Em 10 de agosto, um tribunal de apelações permitiu que ela cumprisse a pena fora da prisão sob ‘restrições de movimento’, incluindo a proibição de deixar a província e a exigência de ligar para a delegacia de polícia todos os meses.”


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Em 11 de julho, milhares de pessoas saíram às ruas de várias cidades cubanas para pedir o fim do regime de extrema esquerda.

Aos gritos de “abaixo a ditadura” e “liberdade”, os manifestantes protestaram contra o governo, os sucessivos lockdowns, a falta de remédios, de comida liberdade de expressão.

Em rede nacional, Miguel Díaz-Canel, primeiro-secretário do Partido Comunista do país, acusou os Estados Unidos de serem os organizadores dos protestos.

No dia seguinte, o acesso à internet foi cortado. Em 19 de agosto, as autoridades cubanas informaram que 67 manifestantes haviam sido condenados.

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