25/07/2021 09:12

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Para garantir o controle da CPI sobre a Covid, senadores da Região Norte alegaram que representavam os Estados mais negligenciados pelo governo federal durante a pandemia de coronavírus. 

Foi esse o pretexto invocado para impedir a descoberta de falcatruas protagonizadas por eles próprios ou aliados. 

No momento, a desunião do bando traduzida em acusações recíprocas pode transformar o Amazonas no único Estado investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito.

Senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid (Pedro França/Agência Senado)

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A briga regional se tornou pública em 29 de junho durante uma sessão da CPI convocada para ouvir o deputado estadual Fausto Junior (MDB), que foi relator de uma comissão similar na Assembleia Legislativa do Amazonas. 

Visivelmente irritado, Aziz acusou o deputado de ter protegido o governador Wilson Lima (PSC), contra quem a Polícia Federal chegou a expedir um mandado de prisão por desvios de recursos no combate à pandemia — o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido. 

O deputado reagiu e citou uma denúncia que marcou o governo e até hoje persegue Aziz: 

“Vossa Excelência e sua família são acusados de desviar R$ 260 milhões da Saúde. Por isso está me atacando. Fale a verdade, senador, o senhor não tem moral para falar”.

A partir daí, a coisa só piorou. Aziz resolveu acusar a mãe do deputado, que é servidora do Tribunal de Contas do Estado.

Mostrou fotos de dois terrenos da família em condomínios que, segundo ele, foram adquiridos de maneira não republicana — leia-se: a mãe do parlamentar poderia ser laranja do governador Wilson Lima.

Nejmi Aziz, esposa do senador e ex-governador do Amazonas Omar Aziz, que preside a CPI da Covid, quando foi presa, pela segunda vez, pela Polícia Federal, em 31 de julho de 2019.

Na prisão anterior, em 19 de julho, Nejmi passou duas noites no Centro de Detenção Provisória Feminino (CDPF).

Ela foi solta na noite do dia 21, após receber liminar em habeas corpus. Uma nova liminar suspendeu essa decisão.

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Apesar de ser citado frequentemente por supostos desvios na área da saúde e por pagamentos de indenizações suspeitos, são outros dois casos que tiram Aziz do eixo.

 O primeiro é a lembrança da prisão de sua mulher e de seus três irmãos — Murad, Amim e Mansour. 

Há dois anos, a Polícia Federal revirou sua casa e levou Nejmi Aziz presa. 

 

Trata-se daqueles esquemas de corrupção com indícios de entrega de dinheiro vivo. 

As operações foram batizadas de Maus Caminhos e Vertex — nessa última, o nome do senador é citado 256 vezes no relatório

Quando renunciou ao mandato, em 2014, para disputar o Senado, seu sucessor, José Melo, também foi preso e só retirou a tornozeleira eletrônica recentemente.

 

 

A então senadora Patrícia Saboya foi a presidente da Comissão Mista Temporária da Exploração Sexual, no ano de 2005 (Agência Senado)

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Outro fantasma na vida pública de Aziz foi a acusação de prática de pedofilia. 

Em 2005, quando era vice do atual senador Eduardo Braga, Omar Aziz teve seu nome incluído no parecer da então relatora da CPI da exploração infantil, a ex-senadora Patrícia Saboya (CE), mas na última hora foi retirado por um voto — do ex-senador Ney Suassuna (PB).

A senadora Patrícia Saboya chegou a afirmar em entrevista que “houve enorme pressão da bancada do Amazonas” e que ocorreram “situações constrangedoras” no Congresso.


 

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Fonte: Revista Oeste

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