O presidente Ednaldo Rodrigues viu o fracasso do 'trabalho psicológico' de Tite, que cedeu aos jogadores e não admitiu um psicólogo na seleção.
O caos depois da eliminação contra a Croácia mostrou o quanto fez falta
Neymar chora no gramado após eliminação do Brasil na Copa do Mundo e é abraçado por companheiros. Foto: Jewel Samad / AFP
"Tem sido assim. Ele fica sozinho, calado, pensando sabe Deus em quê."
Esse foi o desabafo de Bete Silva, mulher de Thiago Silva, capitão da seleção brasileira, 38 anos. Ela o filmou parado, de costas, na varanda do luxuoso hotel West In Doha. De frente para as luzes da cidade.
Talvez se Bete tivesse lido a mensagem que Thiago Silva mandou para Neymar, entendesse.
"Irmão, tá mais fo... do que imaginei, de verdade. Não tô aguentando.
Não acredito que nós perdemos. Não consigo acreditar".
"Toda hora que eu lembro dá uma vontade de chorar filha da pu..."
Sim, o capitão da seleção brasileira, que ficou marcado pelo choro, na decisão por pênaltis contra o Chile, em 2014, tem vontade de chorar ao lembrar da eliminação do Brasil.
• Neymar já confessou estar "destruído psicologicamente".
"Queria muito que tivesse dado tudo certo, f*** pensar que aquele pênalti foi um obstáculo no nosso sonho.
"Mas 'vamo que vamo', temos que ser fortes, dar tempo ao tempo e ver o que futebol nos reserva ainda", resumiu Marquinhos.
Sim, a estratégia psicológica de um dos zagueiros mais caros do mundo para reerguer a seleção brasileira é simplória.
"Vamo que vamo."
"Eu tenho vontade de me enfiar em um buraco e nunca mais sair."
É assim que Richarlison segue, depressivo.
Assim que o Brasil foi eliminado pela Croácia da Copa do Mundo, Daniel Alves resolveu discursar no vestiário. Revelou sua frase mais importante.
"Falei para os mais jovens que 'faz parte do show'."
• Ou seja, os jogadores completamente sem rumo psicologicamente para um jogo tão importante, que confirmou 20 anos da seleção brasileira sem conquista de Copa. Chegará a 24 anos, até o Mundial dos Estados Unidos, México e Canadá, em 2026.
Tite, Daniel Alves e Thiago Silva eram os responsáveis extraoficiais pelo lado psicológico da seleção brasileira.
Vale lembrar que Tite estava absolutamente estranho na coletiva, após a derrota, tentando passar um ar de controle mental total.
Exagerou, falou como se tivesse acabado de sair de um jogo normal.
Mas desabou, chorou compulsivamente ao encontrar a esposa e a filha.
A última vez que o Brasil teve um psicólogo na sua comissão técnica foi em 2014. Regina Brandão teve rápidas sessões com cada atleta, para passar um simples perfil motivacional de cada um para o treinador trabalhar durante a Copa.
• O choro compulsivo de Thiago Silva, na vitória contra o Chile, sim, vitória, e mais o 7 a 1 para a Alemanha sabotaram o trabalho de Regina.
Os jogadores tiveram desculpas perfeitas para fazer o que tanto desejam.
Recusar psicólogos na seleção.
O primeiro a se posicionar contra é Neymar.
Justamente o que assume estar "psicologicamente destruído".
O medo é que seu perfil psicológico, seus traumas de infância, seus medos, eventuais crises de ansiedade e depressão possam se tornar públicos. Daí a negativa.
Só que Neymar, e os demais jogadores que sobreviverem para o novo ciclo que começará em janeiro, poderão ter uma grande surpresa, a partir de janeiro.
Dependendo de quem o presidente, Ednaldo Rodrigues, escolher como treinador.
• Os três portugueses que largam na frente, na disputa para suceder a Tite, trabalham com pessoas especializadas em psicologia.
Abel Ferreira tem Gisele Silva, psicóloga, no Palmeiras. É a ela que os jogadores recorrem antes de decisões importantes, partidas decisivas.
Luís Catro faz questão de contar com o psicólogo Paulo Ribeiro, no Botafogo. Segue o mesmo caminho de Abel. Os jogadores têm sessões com Ribeiro para se fortalecerem emocionalmente.
Jorge Jesus trabalhou em todo seu momento espetacular no Flamengo com Evandro Motta, coach profissional. E que já foi até da seleção brasileira, que foi vice-campeã na Copa de 1998, na França.
Ednaldo Rodrigues acompanhou todo o drama da seleção brasileira aqui em Doha. Viu nos vestiários o time destruído, com vários jogadores chorando compulsivamente.
Tite, que não os consolou no gramado, seguiu distante.
Só depois que Neymar chegou e passou a abraçar todos, houve uma proximidade.
Mas tudo exagerado, sem controle.
Jogadores consagrados na Europa se mostraram sem o menor equilíbrio.
Em vez de consolar, Tite teve de ser consolado por seus auxiliares Cleber Xavier e Cesar Sampaio.
O presidente Ednaldo viu esse caos, o amadorismo.
Promete que tornará tudo mais profissional.
Se depender de Abel, Jorge Jesus ou Luis Castro haverá um especialista em psicologia na seleção brasileira.
Chega do improviso que Tite tentou por seis anos. E foi um fracasso assustador.
Com informações do R7/Cosme Rímoli