"Um grande revés político para Macron". Com esta manchete, o jornal Le Monde analisa nesta segunda-feira (20) a nova composição da Assembleia Nacional francesa, formada por 577 deputados.
A coalizão de partidos governistas perdeu a maioria absoluta na Casa, e o chefe de Estado francês, reeleito há dois meses para um mandato de cinco anos, se vê impedido de aplicar suas reformas.
Segundo resultados publicados pelo Ministério do Interior, a coligação Juntos, liderada pelo partido do presidente, elegeu 245 deputados quando precisava de 289 para ter a maioria na Assembleia.
Com este resultado, aliados de Macron temem uma "paralisia total" do Executivo e já evocam a possibilidade de ocorrer uma dissolução da Assembleia Nacional daqui a um ano.
Para Le Monde, o resultado das urnas revela um enorme repúdio ao presidente Emmanuel Macron.
"O fracasso dos governistas contrasta com o avanço da Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes), liderada por Jean-Luc Mélenchon, que conquistou 131 assentos na Assembleia.
Além disso, houve um desempenho sem precedentes do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, que abocanhou 89 cadeiras".
Com Le Pen, extrema direita pode formar primeira bancada parlamentar em 36 anos na França // AFP
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"A França avança politicamente para um território desconhecido", assinala a agência AFP, que também destaca a queda no número de mulheres eleitas – 37,3% contra 39%, em 2017.
"Macron aparece isolado, na manhã desta segunda-feira, no centro de um cenário político que virou de cabeça para baixo, com uma Assembleia sem maioria clara", noticia a agência.
O diário Le Parisien diz em sua manchete que a França se tornou "ingovernável" com essa composição do Parlamento.
Macron precisa angariar 44 deputados para obter a maioria nas votações de projetos de lei do Executivo.
A tendência natural seria buscar o apoio de parlamentares de direita, especialmente do partido Os Republicanos.
Mas o atual presidente da sigla dos ex-presidentes Chirac e Sarkozy já declarou que será uma força de oposição.
Com a imagem do presidente da República de cabeça baixa em sua capa, o Libération diz que Macron levou "uma bofetada" nas urnas.
De acordo com o editorial, a pretensão do projeto de Macron, que consistiu em atrair para o centro tanto políticos de direita quanto de esquerda, sem estabelecer uma linha ideológica clara, acabou alimentando os extremos.
O Le Figaro conclui que com a esquerda radical fortalecida no Parlamento e uma bancada de extrema direita histórica, de 89 deputados, a França dá um salto no desconhecido.