Ontem (14), Os argentinos votaram em eleições parlamentares de meio de mandato que são cruciais para o governo peronista de centro-esquerda de Alberto Fernández, de 62 anos.
Com mais de 99% dos votos apurados, os resultados indicam a perda da maioria no Senado.
Isso vai obrigar a vice-presidente Cristina Kirchner, que comanda a Casa, a negociar com a oposição pelos próximos dois anos.
Um prenúncio dos maus resultados foi a decisão de Cristina de não ir à sede da campanha peronista após a votação.
O presidente Alberto Fernández e a vice Cristina Kirchner na celebração da vitória em 2019 (Reprodução/Facebook)
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De acordo com o jornal La Nación, as províncias de La Pampa e Chubut eram as duas em que o governo depositavam maior esperança de reverter a derrota nas prévias de setembro. Em ambas as províncias, a oposição confirmou vitória.
O peronismo ainda continua com a maior bancada de senadores, a menos que a oposição passe a votar sem qualquer dissidência. Como maior bancada, Cristina ainda terá o poder de dividir a presidência de comissões legislativas.
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Depois do revés sofrido nas prévias, os olhos ontem estavam voltados para a populosa periferia de Buenos Aires, com quase 40% da lista eleitoral e bastião histórico do partido governista peronista.
Com a vitória nos distritos suburbanos, o governo acirrou a disputa, mas não foi o suficiente para vencer na província: os opositores conseguiram 39,81% dos votos, enquanto os governistas ficaram com 38,53%.
A capital e outras grandes cidades acompanharam a oposição.
A votação renova também 127 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados, na qual a governante Frente de Todos tem a maior bancada, mas não a maioria.
Os resultados indicaram uma disputa apertada para que o governo mantivesse essa vantagem: 118 contra 116 deputados da coalização Juntos.
Argentinos se preparam para votar em eleições legislativas argentinas; resultados preliminares indicam derrota do partido governista (AFP)
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Nas últimas semanas, o governo anunciou medidas econômicas e controle de preços, em uma tentativa de combater a inflação, que acumula 41,8% entre janeiro e outubro, uma das mais elevadas do mundo.
Outro problema sério: se não conseguir um novo acordo com o FMI, a Argentina – que tem 40% de sua população na pobreza – terá que pagar US$ 19 bilhões (R$ 100 bilhões) à instituição em 2022 e o mesmo valor em 2023.
As eleições ocorrem no momento em que o país tenta emergir da recessão iniciada em 2018 e se aprofundou com uma queda de 9,9% do PIB em 2020 em razão da pandemia da covid-19.
Com informações da AFP/EFE