As urnas desse domingo deram um duro golpe em Emmanuel Macron e Olaf Scholz, que sofreram uma derrota significativa para a extrema direita na França e na Alemanha.
Os partidos radicais alcançaram seu melhor desempenho na Câmara europeia, conquistando quase um quarto dos assentos.
Macron, Scholz, Meloni e Le Pen / fotos: AFP
Prevendo o resultado, Macron reagiu rapidamente, convocando eleições legislativas para o fim do mês, arriscando a segunda metade de seu mandato presidencial. O presidente francês decidiu pagar para ver.
Se o Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, confirmar uma nova vitória interna e ganhar mais espaço na Assembleia Nacional francesa, Macron terá que lidar com uma coabitação indesejável com um primeiro-ministro de extrema direita, possivelmente o líder do partido, Jordan Bardella, de 28 anos, o cabeça de lista do RN.
A médio prazo, até as eleições de 2027, isso teria um efeito paralisador no governo, tornando o RN também impopular.
As eleições europeias consolidaram a sexta vitória consecutiva do bloco de centro-direita, o Partido Popular Europeu, mas com uma inclinação acentuada para a direita.
Espera-se que este novo Parlamento adote posições mais rígidas contra a imigração e contra iniciativas que combatem as mudanças climáticas, já que o bloco verde também sofreu grandes derrotas.
“O centro está se segurando. Mas o mundo ao nosso redor está em crise. Forças externas e internas tentam desestabilizar as nossas sociedades e enfraquecem a Europa. Nunca deixaremos isso acontecer”, atestou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que aspira um novo mandato como chefe do Executivo do bloco.
Outra figura emergente das urnas europeias como uma das mais poderosas do continente é a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
Cortejada tanto por von der Leyen quanto por Le Pen, que disputam seu apoio, a líder dos Irmãos da Itália se fortaleceu e pode se tornar a porta-voz da direita radical na UE, pressionando e empurrando seus colegas europeus mais para a direita.
A presidente da Comissão Europeia foi criticada por fazer concessões à premiê italiana visando à reeleição, e Le Pen almeja, com a adesão de Meloni, uma grande coalizão dos grupos de extrema direita no Parlamento Europeu: Identidade e Democracia e os Conservadores e Reformistas Europeus.
Estas eleições confirmaram a queda de mais obstáculos políticos internos contra os extremistas.
Na Alemanha, a AfD se consolidou como a segunda força política, à frente dos social-democratas do premiê Olaf Scholz, que ficou em um humilhante terceiro lugar.
Após a amarga experiência britânica do Brexit, a realidade europeia mostrou que eurocéticos e eurofóbicos se sentem mais confortáveis em impor sua agenda dentro do bloco europeu do que fora dele.
Com informações do G1