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Edição: Hugo Julião
16:40
25/12/2020

EUA: ações de maconha voltam a viver ‘dias de glória’ após vitória de Biden

As ações da indústria da maconha no hemisfério Norte se aproximam do final de 2020 em forte alta, no embalo das esperanças renovadas de investidores e produtores com os sinais de que a vitória de Joe Biden. 

O Marijuana Index, por exemplo, subiu 15,9% no último mês até a semana passada.

O índice reflete o desempenho de 43 ações das maiores empresas americanas e canadenses ligadas à commodity e é um dos principais faróis do segmento.

Também operam em alta os principais ETFs do setor (fundos de investimentos negociados na Bolsa como se fossem ações), como o Alternative Harvest, cuja cota se valorizou 16,6% desde a vitória de Biden.

(Imagem: Getty Images)

Entre as ações, o rali recente é encabeçado pela Aurora Cannabis (ACB).

A ação da empresa canadense, com operação em 25 países e operação medicinal e recreativa, acumula queda de 53,55% em 2020, mas subiu mais de 50% desde 3 de novembro, data da eleição presidencial americana.

Outra ação, da também canadense Canopy Growth (CGC), acumula alta no último mês de 10,3%.

A subida vem sendo mais modesta, mas a empresa não caiu em 2020 (alta de 35%), ao contrário da maioria das empresas do segmento.

David Klein, presidente da Canopy Growth

A empolgação de David Klein, presidente da empresa, após a eleição nos EUA dá o tom da receptividade do segmento ao presidente eleito, Joe Biden:

“Acreditamos que é um passo importante rumo à permissão da maconha em nível federal.

Os resultados das consultas nos Estados mostram que a aprovação à legalização cresce tanto geográfica quanto ideologicamente, e isso pressiona o Congresso a votar um aval amplo em breve.”

Outras companhias da indústria da maconha que acumulam ótimos desempenhos desde a eleição de Biden.

Entre elas estão a Tilray (TLRY, alta de 10,2%), a Curaleaf (CURLF, alta de 8,2%), a Aphria (APHA, +42%) e a Cronos (CRON, alta de 16%), que é investida pela Altria, gigante da indústria do tabaco e dona da marca Marlboro.

Biden e sua vice, Kamala Harris, defendem uma reforma das leis americanas para deixar de classificar a maconha na mesma “seção 1” na qual são listadas drogas como a heroína.

Sob a gestão do Democrata, o segmento espera ver destravadas amarras que vinham sendo patrocinadas pela gestão do Republicano Donald Trump e que dificultam o acesso das fabricantes a financiamentos bancários e a captações mais amplas no mercado de ações.

Três outras notícias aumentaram a empolgação em torno do segmento neste fim de ano.

A primeira foi a aprovação da legalização da maconha para uso recreativo, científico, médico e industrial no México, virtualmente criando o maior mercado do mundo.

Simbolicamente, em um país há décadas assolado pela violência de cartéis e forças policiais na chamada “guerra contra as drogas”.


Também influenciam o ânimo positivo em torno da indústria as descriminalizações nos Estados americanos de Arizona, Montana, New Jersey e Dakota do Sul.

Dessa forma, aumentando para 15 o número de Estados daquele país que permitem o uso recreativo por adultos; e a reclassificação da erva como uma “droga leve” por parte do comitê responsável pelo tema na ONU, no fim de novembro.

Já são 36 Estados americanos aceitando o uso médico, e 15 liberaram também o recreativo.

Uma “onda verde” que começa a chegar ao Congresso, diz Guilherme Zanin, analista da Avenue.

Segundo ele, uma pesquisa recente mostrou que 78% dos políticos já são a favor da legalização para fins medicinais: 

"Se passar no Congresso, deve haver um boom por lá e uma vitrine para o mercado mundial”.


O analista da Avenue salienta ainda investimentos recentes de gigantes de bebidas, como a Ambev, comprando empresas que produzem maconha para lançar bebidas que misturem álcool e o CDB, uma das duas principais substâncias ativas da droga (a outra é o THC).

Ele também destaca o significado para os negócios das fabricantes que uma legalização do uso medicinal em nível federal nos EUA representaria.

Muitos bancos não recebem dinheiro de empresas que vendem maconha, porque temem serem enquadrados na lei dos crimes de lavagem de dinheiro.

Com a eventual liberação, o sistema bancário passa a poder admitir operações em maior escala, e o varejo passa a poder vender em cartão, e não só em dinheiro em espécie.”

Ele afirma que as perspectivas para o segmento no curto prazo são promissoras:

"Empresas com vendas anualizadas de US$ 300 milhões, US$ 500 milhões, chegando até aos casos próximos de US$ 1 bilhão".

Com informações do Valor Investe

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