Ex-ministro dos governos de Lula e Dilma Rousseff, Aldo Rebelo participou de seminário organizado pelo instituto do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas na sexta-feira (19).
O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, também falou em debate mediado pelo jornalista Alexandre Garcia.
Aldo Rebelo/Crédito: Wilson Dias/Ag.Brasil
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Rebelo disse no encontro que o uso de linguagem neutra é inaceitável, um "atentado à sociedade nacional", e que se trata da tentativa de criar outra língua, inventar palavras para "impor à sociedade uma outra forma de expressão da cultura".
"É algo importado. Não é linguagem neutra, o que estão querendo impor é outra língua", disse.
"O que estão querendo fazer não é o uso das palavras existentes.
É a criação de uma outra língua, de um outro idioma, porque estão inventando palavras que não existem na língua portuguesa.
Não é o problema do gênero, é a tradição, a cultura", afirmou o ex-ministro.
"Aqui no Brasil, essa agenda tomou conta do mercado, pelas corporações que estão nisso, da mídia, de certa forma o Legislativo vai entrando nisso e o Judiciário nem se fala", disse Rabelo.
O ministro Edson Fachin, do STF, suspendeu na quarta-feira (17) a eficácia de uma lei de Rondônia que proibia o uso de linguagem neutra nas escolas públicas e privadas do estado (Crédito: Nelson Jr./STF)
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Ele criticou o Supremo Tribunal Federal e afirmou ter a impressão de que ele age como "uma corte dos costumes, dos comportamentos".
Ex-PCdoB, PSB e Solidariedade, Rebelo disse que o país mergulhou em um processo de desorientação quando a agenda do crescimento perdeu sentido diante da "agenda identitária e da guerra cultural".
Ele ainda afirmou que o Brasil é uma nação "essencialmente mestiça" e estão tentando transformá-lo em um país "de pretos e brancos".
"Essa é a nossa marca, a miscigenção. Agora querem transformar em um país de pretos e brancos.
Acho uma coisa criminosa, inaceitável, imposta de fora para dentro, financiada de fora.
Porque se o Brasil chegar à conclusão de que somos um país dividido entre africanos e europeus, nós vamos ter que reconhecer que passamos 500 anos errados, equivocados.
E que tudo aquilo que o Gilberto Freyre e o Darcy Ribeiro falaram do povo brasileio, do mestiço que é bom, estava errado. É isso que querem nos impor", argumentou Rabelo.
Segundo ele, o maior risco que o Brasil enfrenta hoje, mais do que o econômico, é o risco de desintegração da sua identidade, de sua memória e de sua "mestiçagem".
Fonte: Painel/FSP