28/02/2022 17:12

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Dezenas de imigrantes africanos na Ucrânia estão sendo impedidos de atravessar as fronteiras do país desde o início do conflito com a Rússia, na última quinta-feira, 24.

Por meio de publicações no Twitter, refugiados negros dizem que estão sendo deixados de lado na hora de realizar a travessia.

Pai espera com a filha na estação de trem de Kiev na quinta-feira, primeiro dia da invasão russa // Reuters

Em um dos relatos, um homem disse que seus familiares e outros imigrantes foram instruídos a descer do ônibus em que estavam próximo à fronteira no último sábado e, após questionar a ordem, foi expulso do veículo por militares.

“Nós estamos agora presos em uma estação de trem em Kiev junto com outras milhares de pessoas sem ter certeza de qual será o próximo passo. Isso não está acontecendo apenas com negros, mas também com indianos, árabes e sírios”, disse ele ao jornal The Independent.

Em sua conta no Twitter, um estudante nigeriano conta como é tentar fugir da guerra da Ucrânia sendo negro.

"Nas estações de trem de Kiev, crianças primeiro, mulheres em segundo lugar, homens brancos em terceiro, depois o restante das vagas é ocupada por africanos. Esperamos muitas horas pelos trens e não conseguimos entrar devido a isso."

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Com relatos como esses reunidos pela hashtag #AfricansinUkraine (africanos na Ucrânia), africanos e outros imigrantes negros que vivem no país afirmam que estão sendo vítimas de racismo ao tentarem se deslocar, sendo barrados em trens, ônibus e nas fronteiras por guardas ou outros cidadãos ucranianos.

Um dos vídeos mostra uma mulher com um bebê de dois meses no colo, sentada no chão sob uma temperatura de 3 ºC, enquanto um homem não identificado afirma que ela não conseguiu passar pela fronteira, como outras mulheres com crianças.

Outra gravação, de um ativista britânico, mostra um grande número de jovens, todos negros, do lado de fora de um trem.

"A face oculta dessa guerra é o racismo experimentado por muitos que estão fugindo."

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Em outro caso, a ministra das Relações Exteriores da Jamaica, Kamina Johnson-Smith, afirmou no Twitter que 24 estudantes jamaicanos estão sendo forçados a caminhar 20 km até a Polônia, após serem impedidos de embarcar em um ônibus que levava estudantes até a fronteira.

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Após conseguir atravessar para a Romênia, uma estudante de medicina britânica negra conta, num vídeo, como foi recebida no setor de controle de passaportes na saída ucraniana.

"Eram ucranianos primeiro, indianos depois, africanos por último. Tem tido muita segregação. É uma situação muito estressante."

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Cidades sitiadas em toda a Ucrânia abrigam dezenas de milhares de estudantes africanos que estudam medicina, engenharia e assuntos militares.

Marrocos, Nigéria e Egito estão entre os dez principais países com estudantes estrangeiros na Ucrânia, fornecendo juntos mais de 16 mil alunos, segundo o Ministério da Educação.

Pai de três filhos, um nigeriano que vive na Ucrânia desde 2009 contou ao jornal The Independent que, no sábado, ele, familiares e outros imigrantes foram obrigados a desembarcar de um ônibus prestes a cruzar a fronteira.

"Nenhum negro", teriam dito militares.

"Quando olho nos olhos dos que estão nos rejeitando, vejo racismo injetado; eles querem se salvar e estão perdendo sua humanidade no processo", afirmou.

"O pior de tudo é o fato de que os próprios ucranianos não estão permitindo que africanos embarquem nos trens gratuitos que forneceram para ucranianos e outros cidadãos deixarem a Ucrânia e fugirem para a Europa.

Há relatos de que a polícia ucraniana entrou nesses trens gratuitos e removeu todos os africanos, dizendo que eles tinham que ficar, enquanto permitiam cidadãos de TODOS os outros países."


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Segundo a agência de notícias AFP, a embaixadora da Polônia na Nigéria, Joanna Tarnawska, rejeitou as alegações de tratamento injusto.

"Todos recebem tratamento igual. Posso garantir que tenho relatos de que alguns cidadãos nigerianos já cruzaram a fronteira para a Polônia", afirmou à mídia local.

Ela disse que os nigerianos têm 15 dias para deixar a Polônia ou tomar outras providências e que até documentos inválidos estavam sendo aceitos para atravessar a fronteira.

Restrições da pandemia, de acordo com a embaixadora, também foram suspensas.


Com informações da AFP/Folha de S.Paulo/Veja

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