Cuba virou a página dos irmãos Castro nesta segunda-feira (19) com a aposentadoria de Raúl Castro, 89, um símbolo forte, mas que não muda a linha política do país.
O país é um das últimas cinco nações comunistas do mundo.
Miguel Diaz-Canel, presidente do Partido Comunista Cubano, encarna a nova geração à frente da ilha que foi um dia de Fidel.
Raúl Castro, à esquerda, primeiro secretário do Partido Comunista Cubano e ex-presidente, saúda os participantes do 8º Congresso do Partido Comunista Cubano; à direita, de branco, o novo presidente, Miguel Diaz-Canel (Ariel Ley Royero/AP)
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Durante a Revolução Cubana de 1959, Miguel Diaz-Canel não havia ainda nascido.
Presidente e agora primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC), encarna a nova geração no poder, mais conectada, mas não necessariamente mais flexível.
Os uniformes verde-oliva de seus ilustres predecessores se foram: pela primeira vez em décadas, Cuba será presidida por um civil.
Mas "ele não é um arrogante nem um intruso", alertou Raúl Castro.
Foto divulgada pela Agência Cubana de Notícias (ACN) do presidente cubano Miguel Diaz-Canel discursando durante a 3ª sessão do 8º Congresso do Partido Comunista Cubano, no Palácio das Convenções de Havana, nesse domingo (18)
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Quando ele chegou à presidência do PCC em abril de 2018, muito se escreveu sobre sua maneira de se locomover de bicicleta quando trabalhava nas províncias, seus jeans, sua paixão pelos Beatles, seu uso de tablets digitais... Um estilo mais moderno do que o dos irmãos Castro.
Miguel, um homem de 60 anos, cabelos grisalhos, voz rouca e sem grande talento oratório, passou toda a sua carreira no Partido Comunista, seguindo escrupulosamente cada um dos passos para chegar à posição suprema.
8º Congresso do Partido Comunista Cubano (Granma/PCC)
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Primeiro civil a liderar o partido, com a experiência militar de seus três anos de serviço em uma unidade de mísseis antiaéreos, Miguel Diaz-Canel é engenheiro eletrônico por formação.
A mudança de tom aparece desde sua ascensão ao poder: no final de dezembro, ele descreveu a mídia cubana independente no Twitter como "mercenários e mentirosos".
(Ernesto Mastrascusa/EFE)
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Em geral, “a mudança de geração não dá nenhuma garantia” sobre uma possível abertura, porque “a maneira mais rápida de Cuba de ganhar legitimidade política é mostrar o punho de ferro”, lembra.
O novo presidente pautou sua forma de governar em torno de um princípio: a presença constante no campo, seja física, com muitas viagens às províncias, ou virtual, abrindo sua conta no Twitter onde é muito ativo.
Do outro lado da moeda, a internet funciona como uma caixa de ressonância para as demandas dos cidadãos: protegidos pelo anonimato das redes sociais, os cubanos passaram a chamar, até insultando, o presidente e seus ministros.
Coletivos de artistas ou ativistas dos direitos dos animais se consolidaram desta forma, para defender suas reivindicações e exigir mais liberdades, antes de se manifestar diante de vários ministérios, fato inédito em Cuba.
Com informações da AFP