A “cratera de Colônia”, que está localizada no distrito de Parelheiros, na zona sul de São Paulo, foi mesmo gerada pela queda de um objeto extraterrestre.
Os indícios que sustentam a confirmação estão em um artigo científico conduzido pelo geólogo Victor Velázquez Fernandez, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP).
Foram descobertas esférulas nos sedimentos presentes no interior da cratera, em profundidades de 180 a 224 metros.
Sua forma sugere que as rochas locais foram pulverizadas, nebulizadas e lançadas para o alto devido à colisão (Reprodução/Agência Fapesp)
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Segundo o especialista, a pesquisa recente mostra evidências mais robustas sobre o que gerou a cratera de 3,6 quilômetros de diâmetro, cerca de 300 metros de profundidade e uma borda soerguida de 120 metros na capital paulista.
“Encontramos esférulas [pequenas esferas] no interior da cratera, em profundidades de 180 a 224 metros, cuja forma só pode ser explicada pelo impacto de um corpo extraterrestre, que gerou temperaturas da ordem de 5 mil graus Celsius e pressões da ordem de 40 quilobars – equivalentes a 40 mil vezes a pressão atmosférica padrão”, disse Velázquez para a Agência Fapesp.
Localização da área de estudo e aspecto morfológico da cratera de impacto em Colônia (SP)
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Um dos aspectos da descoberta que intrigou os cientistas é que as esférulas (que variam entre 0,1 mm e 0,5 mm) foram encontradas dentro da cratera.
Normalmente, os detritos são jogados para fora com a colisão do objeto que cai dos céus.
“Nossa explicação é que a energia do impacto transformou as rochas existentes no local em uma nuvem densa e superaquecida. Esse material foi lançado para cima, congelou e voltou a cair na base da recém-formada cratera”, explicou o cientista.
Esférulas e aspectos morfológicos da superfície da cratera.
No artigo científico, também é destacada a possibilidade de que o objeto que caiu na Terra tenha sido um cometa, e não um asteroide metálico ou rochoso.
A composição química das esférulas é um dos aspectos que eleva essa hipótese.
“Embora desconheçamos o tamanho do objeto, a velocidade e o ângulo de incidência, por comparação com outros impactos, podemos dizer que a colisão gerou uma devastação de 20 quilômetros de raio.
Outro aspecto que ignoramos também é a data do evento, estimada, por enquanto, em um intervalo de 5 a 36 milhões de anos no passado”.
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Intitulado de "Morphological aspects, textural features and chemical composition of spherules from the Colônia impact crater, São Paulo, Brazil", o artigo científico foi publicado em março deste ano na revista "Solid Earth Sciences".
O trabalho também é assinado pelos pesquisadores Celso B. Gomes, Marcos Mansueto, Leonardo A.S. de Moraes, José Maria A. Sobrinho, Rodrigo F. Lucena, Alethéa E. M. Sallun e William Sallun Filho.
Com informações da Tecmundo