A denúncia da Polícia Federal que motivou a Operação Lucas 12:2 nesta sexta-feira (11) aponta que a primeira venda de relógios da Presidência da República por Mauro Cid aconteceu em 13 de junho do ano passado, após o ajudante de ordens de Jair Bolsonaro tê-lo acompanhado à Cúpula das Américas, em Los Angeles.
Enquanto seu chefe voltava para o Brasil e se preparava para as eleições, o militar seguiu para Willow Grove, cidade de 12 mil habitantes próxima da Filadélfia, na Pensilvânia.
Lá, na loja Precision Watches, o coronel do Exército Brasileiro vendeu duas peças:
um relógio Day-Date da marca Rolex e um relógio da marca Patek Philipe.
O primeiro foi um presente de autoridades sauditas ao governo brasileiro — e o segundo foi um presente do reino do Bahrein à Presidência da República em novembro de 2021.
Por ambos, ele recebeu a quantia de US$ 68 mil, ou R$ 346,9 mil no câmbio da época.
O valor foi depositado na conta de Mauro César Lourena Cid, o general que é pai de Mauro Cid.
Relógio da marca Patek Phillipe, até então desconhecido, teria sido vendido nos EUA em junho de 2022, segundo a PF / Foto: Policia Federal
Ao menos o Rolex Day-Date foi recuperado em uma operação ainda mais mambembe estrelada pelo advogado pessoal de Bolsonaro, Frederick Wasseff:
para que Bolsonaro devolvesse o acessório, Wasseff foi aos EUA, recomprou o Rolex acima do valor originalmente recebido, e o entregou para Mauro Cid.
Isso não suavizou o entendimento da PF: o fato de o relógio da Patek Philippe não constar no histórico do Palácio do Planalto “indica a possibilidade de o referido bem sequer ter passado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica – GADH (hoje DDH) para realização do tratamento e classificação do bem para definição quando a destinação ao acervo público ou o acervo privado do Presidente da República”, e que por isso ele foi provavelmente “desviado diretamente para a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro.”
Com informações do O Antagonista