10/07/2022 09:10

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Manifestações de rua estão longe de ser incomuns na Argentina, onde semanalmente os mais variados grupos políticos se reúnem em grandes cidades.

Nesse sábado (9), feriado nacional pelo dia da Independência, não foi diferente —mas os atos convocados contra o governo, que indicam uma escalada da crise, contaram com um elemento distinto.

Os protestos, em várias cidades, criticaram a degradação política e econômica do país, em meio ao cansaço com os desentendimentos entre o presidente Alberto Fernández e sua vice e madrinha política, Cristina Kirchner.

Reprodução

Até aqui, as marchas ​antigoverno vinham sendo lideradas apenas pela oposição.

Neste sábado, se somaram a ela nas ruas grupos ligados a movimentos sociais de esquerda e ao líder comunitário Juan Grabois, que tem como principal reivindicação um salário mínimo universal a todos os argentinos.

De muita popularidade, ele sempre foi um importante apoio para Cristina e o movimento La Cámpora, ala mais radical do peronismo.

Mas, nos últimos tempos, vem cobrando que a vice pressione o presidente para aumentar o gasto social para os setores mais pobres.

Manifestantes contra Alberto Fernández se reúnem no dia da Independência, em Buenos Aires - Agustin Marcarian/Reuters

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Em Buenos Aires, a polícia montou uma estrutura —liberada no final da tarde— para isolar o espaço que dá acesso à praça de Maio, onde se concentraram os manifestantes de esquerda.

Os atos convocados pela direita abraçaram o Obelisco com uma faixa com as cores da Argentina e depois começaram uma caminhada em direção à Casa Rosada.

De um lado, vinham xingamentos chamando os manifestantes da direita de privilegiados, "chetos" (termo pejorativo para definir alguém rico, como playboy) e "mantidos pelos pais".

Do outro, os impropérios dirigidos aos militantes de esquerda eram muitas vezes racistas, na linha de "vão trabalhar, vagabundos" para baixo.

Havia, ainda, jovens de preto usando bandeiras do libertário Javier Milei e camisetas com um símbolo da extrema direita americana, uma cobra estampada em amarelo e os dizeres "Don't tread on me".

Em ritmo crescente, os protestos se dão num momento em que a economia argentina está debilitada, com inflação de quase 60% ao ano, e o dólar paralelo, o que rege a economia popular, disparando a mais que o dobro do oficial.

 

 
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