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Edição: Hugo Julião
17:52
18/03/2021

Relatório revela centenas de casos de violência sexual na maior diocese alemã

Centenas de menores sofreram abuso sexual na diocese de Colônia, a maior da Alemanha, e autoridades religiosas esconderam os casos, revela um relatório divulgado nesta quinta-feira, que levou um prelado a renunciar.

O aguardado documento de 800 páginas sobre a diocese de Colônia identificou 202 responsáveis por agressão sexual e 314 vítimas entre 1975 e 2018.

As informações foram dadas a imprensa pelo advogado ao qual a Igreja pediu a investigação, Bjoern Gercke.

"Mais da metade das vítimas eram crianças menores de 14 anos."

 O arcebispo Rainer Woelki deixa entrevista coletiva em Colônia (AFP)

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Cerca de 70% dos supostos autores eram membros do clero e os demais, laicos, detalhou Gercke.

Se estes últimos foram punidos, o mesmo não aconteceu com os sacerdotes, assinalou.

O relatório, no entanto, não pôde identificar nenhuma falta contra o cardeal Rainer Maria Woelki.

"Isso me dá uma vergonha profunda", reagiu Woelki, que suspendeu imediatamente dois sacerdotes da igreja de Colônia, o bispo Dominikus Schwaderlapp e o titular do tribunal diocesano Guenter Assenmacher, por "encobrirem" os casos de abuso.

Um dos advogados que investigou o caso, Björn Gercke, à direita, e o cardeal Reiner Maria Woelki, à esquerda (DPA)
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“A extensão dos abusos e violações por parte dos líderes religiosos”, conforme descrito no relatório, “é assustadora”, reagiu o comissário do governo para questões de agressão sexual, Johannes-Wilhelm Rörig.

Woelki provocou um escândalo no ano passado ao se recusar a tornar público um primeiro relatório sobre o período de 1975 a 2018, alegando infrações e problemas de proteção de dados.

A decisão irritou as vítimas, provocou uma saída em massa de sua diocese e a incompreensão de seus colegas. A tal ponto que o cardeal pediu o novo relatório.

A polêmica com Woelki surgiu em um momento em que a Igreja Católica realiza alguns progressos em reconhecer sua culpa e indenizar as vítimas.

Em 2018, um relatório encomendado pela Igreja revelou que 3.677 crianças ou adolescentes foram vítimas de abuso sexual por mais de 1.000 membros do clero desde 1946.

A maioria dos responsáveis por esses atos não foi punida.

As revelações, semelhantes a outros escândalos em países como Austrália, Chile, França, Irlanda e Estados Unidos, levaram o cardeal Reinhard Marx, um reformador, a pedir perdão em nome da Igreja Católica alemã.

 

O número de membros da Igreja Católica, que continua majoritária na Alemanha, caiu para 22,6 milhões em 2019, ou seja, 2 milhões a menos que em 2010, ano da revelação dos escândalos de abusos sexuais.

O Papa Francisco adotou medidas para combater o silêncio em torno dos abusos de menores na Igreja.

Em 2019, aprovou uma medida histórica que exige que o clero denuncie qualquer caso de abuso sexual.

Com informações da AFP

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