Um fato levou Jair Bolsonaro a escalar a reação contra dois ministros do STF neste sábado (14): a divulgação de que houve um encontro do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Roberto Barroso, na casa do magistrado.
Segundo publicou o jornal O Estado de S.Paulo, Barroso convidou Mourão para o encontro na última terça-feira (10), no mesmo dia em que pela manhã houve um desfile de veículos militares em frente ao Palácio do Planalto.
A reunião não estava na agenda oficial de Mourão nem tampouco do ministro Barroso.
Bolsonaro enxergou nesse encontro uma articulação de Mourão a favor do impeachment pois, se isso acontecer, Mourão assume o Planalto.
O presidente se irritou com o episódio do encontro reservado do vice-presidente com o magistrado.
Vários assessores palacianos entendem que Mourão estaria de fato articulando um impeachment
Em vídeo publicado no YouTube, o pastor Silas Malafaia fez duras críticas contra o STF
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O Palácio do Planalto também tem recebido sinais de que outras pessoas ligadas ao presidente estariam para ser presas, em ações semelhantes à que levou Jefferson para a cadeia.
Entre elas, estariam o pastor Silas Malafaia e o filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro.
Ao decidir ir ao Senado pedir abertura de processo contra Barroso e Alexandre de Moraes, o Palácio do Planalto pretende no mínimo criar um impasse.
Há um consenso sobre o fato de que Bolsonaro não vai recuar. Tampouco há hipótese de haver relaxamento da prisão de Roberto Jefferson.
Dessa forma, cria-se um impasse. O presidente apresenta o pedido de abertura de processo (que pode até resultar em impeachment) de Roberto Barroso e de Alexandre de Moraes.
O presidente do Senado recebe o documento e declara que vai pensar.
O ato seguinte nesse roteiro é Bolsonaro alegar na Justiça que deve ser decretada a suspeição e impedimento dos 2 magistrados em ações relacionadas a ele no campo eleitoral.
O Supremo então será chamado a agir. Nessa altura, haverá certamente um aumento de manifestações de rua pelo país, a favor e contra o governo.
Caberia neste momento a Luiz Fux, presidente do STF, tentar atuar.
Ocorre que Fux é considerado dentro do próprio Supremo e no Congresso como um dos mais fracos chefes do Judiciário em muitos anos.
Incapaz de articular, fia-se muito em suas decisões no bom relacionamento que mantém com a mídia, sobretudo o Grupo Globo.
Essa é uma conexão que ele alimenta e nutre com cuidado desde os tempos que foi juiz no Rio de Janeiro.
No STF, em vez de liderar, Fux é liderado.
Esse foi o caso do cancelamento de um encontro dos chefes dos Três Poderes, quando Fux leu um discurso a partir da cadeira de presidente do Supremo.
Soube-se depois que Fux foi compelido pelos seus colegas de Corte a tomar aquela atitude.
Agora, dificilmente poderá retomar algum diálogo com Bolsonaro.
Com informações do Estadão/Poder360