O ex-policial militar e assassino confesso da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), Ronnie Lessa, declarou nesta terça-feira (27/08) que o motorista Anderson Gomes e a assessora Fernanda Chaves não eram os alvos no crime.
A jornalista Fernanda Chaves foi a única sobrevivente do ataque.
Ronnie Lessa em video de delação premiada
Segundo Lessa, o objetivo principal era atingir o Psol (Partido Socialismo e Liberdade).
Inicialmente, o alvo seria Marcelo Freixo (PSB-RJ), quando ele ainda era filiado ao partido.
Lessa afirmou que Marielle Franco se tornou alvo por ser vista como uma “pedra no caminho” e por ser um alvo mais fácil devido ao seu grau de exposição.
Essas declarações foram feitas no 12º dia de audiência do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), os mandantes Chiquinho Brazão, Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa tinham como alvo a morte de Fernanda Chaves.
No primeiro dia das audiências (12/08), a jornalista Fernanda Chaves prestou depoimento e afirmou ter sobrevivido porque Marielle agiu como "seu escudo" durante o ataque realizado por Lessa.
Nesta terça-feira (27/08), Lessa depôs pela primeira vez no STF após ter delatado os irmãos Chiquinho (sem partido) e Domingos Brazão como mandantes do crime em 2023.
Foi também a primeira vez que os envolvidos no caso se encontraram. No entanto, os demais réus, além de Lessa, tiveram que deixar a audiência após um pedido da defesa do ex-PM, que alegou não se sentir confortável com a presença deles. As audiências começaram em 12 de agosto de 2024.
Desde então, foram ouvidos três policiais federais; o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Curicica; e o secretário municipal de Ordem Pública do Rio, delegado Brenno Carnevale. O caso no STF está em fase de instrução e julgamento.
Em junho de 2024, a 1ª Turma do Tribunal decidiu, por unanimidade, transformar em réus o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa.
Lessa foi preso em 2019, junto com o ex-policial Élcio de Queiroz, acusado de duplo homicídio.
Os irmãos Brazão foram presos em 24 de março de 2024. O deputado está detido no presídio federal de Campo Grande, enquanto o conselheiro do TCE-RJ está na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO).
Lessa, inicialmente preso no presídio federal de Campo Grande, foi transferido para o presídio de Tremembé (SP) em junho de 2024.
Segundo um relatório da Polícia Federal, Marcelo Freixo (PT-RJ), quando ainda era deputado estadual pelo Psol, expôs a atuação do sargento reformado da Polícia Militar Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, em uma milícia que operava na área de influência política dos irmãos Brazão.
O relatório do então deputado estadual, formalizado na Resolução 433 de 2008, investigou as atividades da milícia no bairro Osvaldo Cruz, na zona norte do Rio de Janeiro.
Essa investigação ficou conhecida como a CPI das Milícias. Freixo era considerado um dos alvos dos mandantes do crime contra Marielle Franco.