Notícias

Estadão
15:16
06/03/2023

Sócio de haras do ministro das Comunicações é funcionário fantasma no Senado, diz jornal

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, emplacou o sócio do haras onde cria seus cavalos como funcionário fantasma na liderança do PDT no Senado.

No local onde deveria trabalhar, ninguém conhece Gustavo Gaspar, embora ele tenha salário de R$ 17,2 mil, um dos maiores do gabinete.

No haras, Gaspar é sócio da irmã do ministro, a prefeita de Vitorino Freire (MA), Luanna Rezende.

Ministro das Comunicações Juscelino Filho. Lula convoca ministro para reunião hoje e ameaça demiti-lo, caso não explique uso de avião da FAB para ir a leilão de cavalos Foto: Isac Nóbrega / MCom

Juscelino vai se reunir hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que condicionou a permanência dele no cargo a uma justificativa plausível sobre o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e de diárias pagas com recursos públicos para ir a compromissos privados, como leilões de cavalos.

O Estadão esteve na liderança do PDT no Senado na última semana. Servidores disseram que não conheciam o suposto funcionário.

Diante do constrangimento, o responsável pelo gabinete, Silvio Saraiva, admitiu que ele não trabalhava no local onde está lotado e deveria dar expediente.

Gaspar foi realocado dois dias após a reportagem procurá-lo.

Homem de confiança do ministro na política e nos negócios, o funcionário fantasma é irmão de Tatiana Gaspar, contratada por Juscelino como assessora especial do Ministério das Comunicações, com salário de R$ 13,2 mil.

Quando deputado, ele já havia empregado o pai de Gaspar, de 80 anos, com salário de R$ 15,7 mil.

Gaspar foi nomeado como assistente parlamentar sênior na liderança do PDT pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), à época líder da bancada.

Compadre do ministro, o senador é um dos fiadores de sua indicação para a pasta das Comunicações, ao lado do colega Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

Em fevereiro de 2021, a liderança do PDT passou a ser comandada pelo senador Cid Gomes (CE). Gaspar continuou empregado na mesma função.

A situação só mudou após o Estadão procurar o funcionário e buscar explicações sobre qual trabalho ele desempenhava.

No último dia 2, Gaspar foi retirado oficialmente da liderança do PDT e transferido para a Segunda Secretaria do Senado, comandada desde fevereiro por Weverton.

O exercício dele continuou aqui por falha mesmo. Deveria ter sido requisitado o exercício dele para o gabinete do senador Weverton.

Não foi. Provavelmente, ele (Gaspar) está trabalhando na Segunda Secretaria, que é onde o senador Weverton está agora. Não deve estar nem no gabinete dele”, justificou o chefe de gabinete do PDT ao Estadão, admitindo não fazer ideia do paradeiro do funcionário.

 

 

PUBLICIDADE

Nesta edição do TB com Mel pelo mundo, fomos à Praia do Forte, na Bahia.

Uma vila charmosa banhada pelo oceano Atlântico, onde a riqueza da fauna marítima é respeitada e preservada.

Lugar de comer bem, fazer compras, se divertir e estar em contato com a natureza. 

Siga o nosso Instagram @tbcommelpelomundo Apoio @chezivan
Se inscreva no canal, dê seu like e ative a notificação

--------------------


Haras

No papel, Gustavo Gaspar é um dos sócios do Parque & Haras Luanna, onde Juscelino Filho cria cavalos da raça Quarto de Milha.

O ministro é quem lidera o negócio, mas não aparece formalmente nos registros.

A outra sócia é Luanna Rezende, irmã de Juscelino e prefeita de Vitorino Freire (MA), cidade controlada pela família e onde está localizado o haras.

O Estadão telefonou para o empreendimento e quem atendeu não soube informar quem era Gustavo Gaspar.

O funcionário pediu para a reportagem falar com o ministro das Comunicações para saber quem administra o haras.

Em 2007, Juscelino Filho vendeu 165 mil metros quadrados da área do haras para Gaspar por R$ 50 mil (R$ 124 mil atuais).

Em 2018, o então deputado readquiriu o terreno por R$ 167 mil (R$ 215 mil).

Como mostrou o Estadão, o estabelecimento guarda parte dos mais de R$ 2 milhões em cavalos que pertencem ao ministro e não foram declarados à Justiça Eleitoral.

O jornal mostrou, ainda, que o ministro usou um voo da FAB e diárias do governo para ir a reuniões relacionadas a cavalos em São Paulo, inclusive leilões.

Em um desses eventos, um cavalo de Juscelino foi apresentado para impulsionar a venda de uma égua, que teve os direitos de 50% sobre ela arrematados por R$ 1 milhão.

Nenhum dos compromissos constava da agenda oficial de Juscelino. Após o Estadão revelar o caso, o ministro devolveu o dinheiro ao governo.


Equipe

Weverton Rocha afirmou que Gaspar atua na Segunda Secretaria.

“Ele trabalha efetivamente comigo desde que fui líder do PDT no Senado. Assim como a maioria dos assessores, ele transita pelo Senado, não permanecendo necessariamente na sala”, disse. O senador não explicou, no entanto, por que a lotação oficial do funcionário é o gabinete da liderança do PDT.

 

Rocha minimizou o fato de outros servidores desconhecerem Gaspar.

Muitos funcionários eram da Quarta Secretaria; então, há quem não o conheça ainda.

Como você mesmo citou, o funcionário que trabalha há mais tempo comigo no gabinete o conhece”, disse o senador. O desconhecido Gaspar, contudo, está na folha de pagamento do Senado desde 2019.

Questionado sobre quais garantias se tem de que Gaspar dá expediente como deveria, Rocha respondeu:

“Posso lhe garantir que toda a minha equipe trabalha de fato, porque há muito o que fazer.

Sou um senador atuante, tenho uma rotina bastante ativa e demando muito minha equipe”.

Gaspar não foi localizado por telefone, nem respondeu aos questionamentos enviados por e-mail. O Senado e o ministro das Comunicações não se manifestaram.

 

Com informações do Estadão

Compartilhe