Saúde

Da redação
11:23
14/09/2021

Cientistas rejeitam terceira dose para população em geral

Um grupo de especialistas de alto nível se opõe a vacinações de reforço contra o coronavírus na população em geral neste momento da pandemia.

Os autores de um estudo de âmbito internacional, publicado nessa segunda-feira (13) pela revista científica The Lancet, afirmam que uma dose de reforço não é "apropriada" atualmente para ser ministrada de forma ampla.

A conclusão é divido à elevada eficácia das vacinas atuais na prevenção de casos graves da doença, incluindo a variante delta do novo coronavírus.

A pesquisa foi conduzida por uma equipe internacional que inclui cientistas da  OMS e instituições como a agência americana FDA.

O estudo avaliou dados de diversos testes clínicos e estudos observacionais publicados sobre o desempenho das vacinas.

Com base na análise, os especialistas constataram que as vacinas existentes "permanecem altamente eficazes contra doenças graves", incluindo as produzidas pelas variantes de maior risco.

De acordo com uma média de resultados, a vacinação atual mostra 95% de eficácia contra casos graves, tanto nas variantes delta como alfa, e 80% contra a infecção por qualquer uma das variantes.

Em todos os tipos e variantes de vacinas, a proteção é mais elevada contra casos graves do que contra leves, segundo os cientistas.

Os autores acrescentam que é a minoria não vacinada o principal vetor de infecção, bem como o grupo com maior risco de desenvolver quadros graves de covid-19.

Os especialistas salientam que mesmo que os anticorpos contra o vírus nas pessoas vacinadas diminuam com o tempo, isso "não significa necessariamente uma redução na eficácia das vacinas contra doenças graves".

Ana Maria Henao-Restrepo, uma das autoras do estudo, argumenta que um maior número de vidas pode ser salvo se os imunizantes "forem oferecidos a pessoas que estejam em risco maior de desenvolverem quadros graves da doença e que ainda não foram vacinadas".

Mesmo que houvesse em última análise algum benefício em administrar a vacina de reforço, não compensaria os benefícios de proporcionar essa proteção inicial a pessoas que ainda não foram inoculadas, segundo a especialista.

Henao-Restrepo assinala que, se as vacinas forem administradas onde são mais necessárias, isso "pode acelerar o fim da pandemia, inibindo a evolução das variantes".

Os especialistas dizem que se as vacinas de reforço forem eventualmente utilizadas, as circunstâncias específicas e os grupos populacionais em que os benefícios são superiores aos riscos terão de ser identificados.

Em alguns países ricos já foi anunciada uma dose de reforço, enquanto em outros lugares quase ninguém ainda foi vacinado.

O Brasil decidiu começar a aplicação da terceira dose da vacina contra a covid-19 em setembro.

A OMS apela desde o início de agosto por uma paralisação temporária de vacinações de reforço contra o coronavírus enquanto países mais pobres ainda esperam por doses de vacina.

Os autores do estudo reconhecem ser possível que, em algum momento futuro, um reforço possa ser necessário para todos.

O que pode ocorrer devido a uma queda do efeito protetor dos inoculantes ou pelo surgimento de variantes que sejam mais resistentes.

Entretanto, destacam que ainda não há nenhuma evidência clara de que isto já esteja ocorrendo.

Vacinações adicionais poderiam, porém, ser cogitadas neste momento para determinados grupos de pessoas, por exemplo, aqueles com imunodeficiência.

(EFE, Reuters, DPA)

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