10/06/2022 09:34

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou investigação aprofundada sobre a hipótese de a covid-19 ter tido origem em um acidente de laboratório. A posição indica possível revisão da avaliação inicial da agência da ONU.

Isso ocorre depois de críticos terem acusado a OMS de descartar, com demasiada rapidez, ou subestimado a teoria de que o vírus pode ter tido origem no Instituto de Virologia de Wuhan, cidade do centro da China onde os primeiros casos da doença foram diagnosticados, no fim de 2019.

A OMS concluiu, no início do ano passado, que a hipótese era "extremamente improvável".

Crédito: OMS

Muitos cientistas defenderam ser mais provável que o novo coronavírus tenha sido transmitido a humanos a partir de morcegos, possivelmente com outro animal como intermediário.

No entanto, em relatório divulgado nessa quinta-feira (9), o grupo de especialistas da OMS disse que faltam ainda "dados-chave" para apurar como a pandemia de covid-19 começou.

Os cientistas disseram que "permanecerão abertos a toda e qualquer evidência científica que se torne disponível no futuro, para permitir testes abrangentes de todas as hipóteses razoáveis".

Observaram que, como os acidentes de laboratório no passado provocaram alguns surtos, a teoria, que foi altamente politizada, não pode ser descartada.

A China rejeita qualquer ligação entre a pandemia e o Instituto de Virologia de Wuhan // Foto: Reuters

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Identificar a fonte de uma doença pode levar anos.

Demorou mais de uma década para os cientistas identificarem as espécies de morcegos que serviram como reservatório natural da síndrome respiratória aguda grave (SARS), outro coronavírus, detectado no Sul da China, no fim de 2002.

O virologista Jean-Claude Manuguerra, do  grupo da OMS que investiga a origem da covid-19, reconheceu que alguns cientistas "podem ser avessos" à ideia de investigar a teoria do laboratório, mas que é preciso manter a "mente aberta" para examinar essa hipótese.

O relatório pode reacender acusações de que a OMS aceitou inicialmente, sem questionar, as explicações do governo chinês, no início do surto em Wuhan.

Alguns dos principais membros da OMS ficaram frustrados com a China durante o surto inicial, mesmo depois de a agência da ONU ter elogiado o presidente chinês, Xi Jinping.

Também ficaram frustrados pela forma como a China procurou restringir a pesquisa sobre as origens da pandemia.

Marion Koopmans, à direita, e Peter Ben Embarek, ao centro, da equipe da Organização Mundial da Saúde se despedem de seu colega chinês Liang Wannian, à esquerda, após uma Conferência de Imprensa do Estudo Conjunto OMS-China no final da missão da OMS em Wuhan, China, em fevereiro de 2021 // Foto AP/Ng Han Guan, Arquivo

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Jamie Metzl, que integra grupo consultivo da OMS não relacionado com as investigações, sugeriu que os países do G7 criassem equipe própria para pesquisar as origens do vírus.

Ele alegou que a organização não tem autoridade política, experiência e independência para realizar uma avaliação tão crítica.

Metzl saudou o pedido da OMS para uma investigação mais aprofundada sobre a teoria do laboratório, mas disse ser insuficiente: "O governo chinês se recusa ainda a partilhar dados brutos essenciais e não permite uma auditoria completa e necessária dos laboratórios de Wuhan".

Em março de 2021, a OMS divulgou relatório sobre as origens da covid-19, depois de uma visita de cientistas internacionais à China.

O relatório concluiu que a doença provavelmente passou de morcegos para humanos, e que não havia provas que sugerissem a origem em laboratório.

No entanto, depois de críticas feitas pela comunidade científica, incluindo alguns pesquisadores da OMS, o diretor da agência reconheceu que era prematuro descartar a hipótese.

Com informações da RTP/Ag.Brasil

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