16/10/2021 06:58

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Em apenas uma década, a taxa de obesidade no Brasil dobrou em porcentagem, acometendo hoje nada mais nada menos que 20% da população adulta.

É o que mostra dados da pesquisa Vigitel, realizada periodicamente pelo Ministério da Saúde. 

Isso significa que dois em cada dez brasileiros apresenta índice de massa corporal, o famoso IMC, a partir de 30. 

Para a maior parte destas pessoas, emagrecer - e manter o peso perdido - apenas com alterações comportamentais, como dieta e atividade física, é uma tarefa quase impossível. 

“A probabilidade de um paciente obeso perder 10% do peso apenas com essas alterações é muito pequena. Além disso, em até dois anos, 90% desses pacientes recuperaram o peso inicial”, explica Antônio Carlos do Nascimento, doutor em endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 

Nestes casos, o uso de medicamentos é fundamental para ajudar na perda de peso de forma significativa e duradoura.  

Na quinta-feira (14), o STF proibiu a comercialização de três inibidores de apetite, a anfepramona, femproporex e mazindol. 

No entanto, na prática, essa decisão não impacta o tratamento de pacientes obesos. 

Desde que a Anvisa suspendeu o uso desses anorixerígenos, em 2011, eles foram praticamente abolidos das prescrições. 

Isso se manteve após a liberação da venda dessas substâncias pelo Congresso, em 2017. 

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Nesse período, outros medicamentos, mais eficazes e com menos efeitos colaterais, chegaram ao Brasil e passaram a ser indicados para o tratamento da obesidade. 

Os principais são a liraglutida e a semaglutida, que imitam no organismo o hormônio GLP-1, ligado à produção de insulina e à sensação de saciedade. 

Além disso, também estão disponíveis a sibutramina, que é o medicamento emagrecedor com registro válido mais antigo no Brasil, e o orlistat.

A liraglutida e a semaglutida são considerados os medicamentos mais modernos e eficazes para o tratamento da obesidade. 

Originalmente desenvolvidos para o diabetes tipo 2, seu uso como potente emagrecedor logo foi descoberto e incorporado à prática clínica. 


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A semaglutida teve seu papel comprovado contra a obesidade comprovado no início deste ano em um estudo publicado na reputada revista The New England Journal of Medicine.

Ele mostrou que o medicamento conseguiu reduzir em 15% o peso de pessoas com obesidade e evitar muitas de suas piores consequências, incluindo o diabetes. 

Além disso, mais de um terço dos participantes que recebeu a droga perdeu mais de 20% do peso, o que é uma taxa só vista de um a três anos após a cirurgia bariátrica. 

Apesar da polêmica sobre possíveis efeitos colaterais, em especial ao sistema cardiovascular, associados ao seu uso, a sibutramina, continua sendo usada para o tratamento da obesidade.

A medicação age diretamente no cérebro, na noradrenalina e serotonina. Neurotransmissores que participam da regulação de diversas funções, como humor e sono, além do apetite. 

Já o orlistate age diretamente no intestino, inibindo de forma parcial a atividade de enzimas responsáveis pela digestão das gorduras. 

Essa ação localizada faz com que sua eficácia seja mais baixa que a das outras medicações. 

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Seja qual for a estratégia de tratamento escolhida, ela deve ser sempre indicada pelo médico, que irá avaliar a melhor opção para o paciente, considerando os riscos e benefícios envolvidos. 

A sibutramina, por exemplo, não é indicada para pessoas com problemas cardiovasculares e idosos. 

A liraglutida e a semaglutida são especialmente vantajosas para pessoas com obesidade e diabetes tipo 2, já que atua nas duas doenças.  

A obesidade é uma doença que não tem cura. Por isso, na maioria dos casos, os medicamentos são de uso contínuo.  


As informações são de O Globo

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