Saúde

Edição: Hugo Julião
16:04
03/11/2021

The British Medical Journal questiona violações graves nos testes da vacina da Pfizer

Os testes da vacina da Pfizer/BioNTech contra o coronavírus realizados pela companhia de pesquisa médica Ventavia no Texas (EUA) no outono de 2020 foram conduzidos com violações graves das regras de ensaios clínicos.

A publicação científica The British Medical Jornal (BMJ), uma das mais antigas e respeitadas publicações médicas do mundo, com mais de 180 anos de existência, citando a ex-diretora regional da empresa, Brook Jackson, publicou uma investigação sobre o assunto.

Segundo Jackson, a empresa Ventavia não respondeu em tempo hábil aos relatos de reações adversas à vacina, violou as condições de armazenamento do medicamento e contratou funcionários não qualificados.

"A diretora regional […] disse ao BMJ que a empresa falsificou os dados, não fez o estudo cego [os participantes sabiam se estavam recebendo uma vacina ou um placebo], empregou vacinadores inadequadamente treinados e demorou a acompanhar os eventos adversos relatados no estudo principal da terceira fase da Pfizer", segundo a publicação.

Jackson informou várias vezes à gerência sobre "má gestão dos laboratórios, questões de segurança de pacientes e problemas de integridade de dados".


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Novo: Nossa investigação mais recente tem informação de uma denunciante envolvida no ensaio principal da vacina contra a COVID-19 da Pfizer. Suas evidências levantam sérias questões sobre a integridade dos dados e supervisão regulatória.

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A indiferença da empresa forçou Jackson a tirar fotos e fazer gravações das violações, que ela entregou ao jornal.

Uma das fotos, por exemplo, mostra agulhas jogadas em um saco plástico para lixo biológico e não em um recipiente com objetos pontiagudos.

Outra foto mostra pacotes de vacinas com os números de identificação dos participantes do ensaio escritos neles, deixados à vista.

Isso poderia revelar a informação sobre quem dos participantes recebeu um placebo ou um imunizante, diz o jornal.

Em uma gravação da conversa de Jackson com seus superiores é possível ouvir que eles "explicam que a empresa não foi capaz de quantificar os tipos e número de erros que encontraram ao examinar a papelada do ensaio para controle de qualidade".

Jackson apresentou queixa à Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos EUA.

No mesmo dia, a Ventavia disse que a funcionária não era adequada para a empresa e a demitiu.

 

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A ex-funcionária listou uma dúzia de violações que testemunhou, incluindo a falta de acompanhamento oportuno dos pacientes que apresentaram efeitos colaterais, armazenamento das vacinas em temperatura errada, marcação incorreta das amostras laboratoriais, segundo o jornal.

Um inspetor da FDA entrou em contato com ela para discutir suas alegações, mas depois não recebeu mais informação sobre o destino de sua queixa.

A Pfizer não mencionou problemas com a Ventavia na reunião com a FDA para a autorização da vacina.

Em agosto deste ano, após a aprovação total do imunizante Pfizer/BioNTech, a FDA publicou um relatório sobre as inspeções dos locais de ensaios, entre eles não havia locais da Ventavia, de acordo com a investigação.

Outros funcionários da Ventavia disseram ao jornal que, após a demissão de Jackson em setembro, os problemas da empresa permaneceram.

Um dos funcionários chamou os dados coletados pela empresa para a pesquisa da Pfizer de "grande confusão".

A Pfizer foi notificada sobre os problemas da Ventavia com os ensaios de vacina e realizou uma inspeção, de acordo com os funcionários.

Desde que Jackson relatou problemas com a Ventavia em setembro de 2020, a Pfizer subcontratou outra empresa para conduzir quatro outros ensaios clínicos do imunizante, diz The British Medical Journal.

Com agências internacionais

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