Estou escrevendo este artigo no dia 1º de abril, o chamado Dia da Mentira, cujas origens não vem ao caso agora.
É um dia dedicado às brincadeiras, em sua maioria inocentes, para enganar os amigos com informações não verdadeiras. Seriam fake news? Ou seriam mentiras? Eis a questão.
Para respondê-la começo dizendo que toda mentira é mentira, mas nem toda fake news é necessariamente uma mentira.
Um exemplo simples é quando uma informação verdadeira, publicada em anos ou meses anteriores, é transposta para o presente com o claro objetivo de confundir, de falsear opiniões ou atacar reputações. Não é mentira, mas é fake.
Publicado no Jornal da Cidade
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A expressão em inglês já existia há mais de século, mas seu uso se tornou frequente a partir das eleições de 2016 nos Estados Unidos. Desde então, ganhou o mundo e está presente em todas as camadas sociais, do mais culto ao mais inculto, do mais cauto ao mais incauto.
E, como qualquer boato, seu significado foi se transformando para satisfazer os objetivos pessoais ou políticos de cada um de nós.
Passou-se a atribuir a uma informação verdadeira, dita por um suposto opositor, a pecha de fake news apenas para desqualificá-la. Isso é replicado nas redes sociais e transforma a negação da notícia em verdade e a informação verdadeira numa mentira.
Da mesma forma, dados e fatos são distorcidos para se justificar uma opinião ou princípios políticos, sempre com o objetivo de desqualificar quem não segue a mesma cartilha do emissor.
A maior fonte de fake news, no entanto, não está no seio do povo, mas tem, muitas vezes, raízes no jornalismo. A começar por um princípio ensinado nas faculdades e que é apregoado por muitos profissionais, individualmente, ou por empresas jornalísticas: a imparcialidade no tratamento da notícia.
Jornalista não é robô, nem programa de computador. São seres humanos como qualquer outro: tem opiniões, crenças e concepções políticas. Podem mentir, sentir inveja, odiar e amar. Podem ter interesses escusos, serem corruptos ou santos. Podem ser sérios ou picaretas.
É importante enfatizar que os princípios éticos que norteiam a atividade estão presentes na maioria dos profissionais da imprensa. Mas não podem afirmar que são imparciais. É muito sutil, não é uma mentira, mas será sempre uma fake news.
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