O paulistano Silvio Scol, 59 anos, imigrou para Israel há dois anos e meio, em busca de um sonho.
Scol sabia que, em Israel, o mercado de cannabis medicinal está a todo vapor, com a expectativa de que, em breve, a maconha também seja aprovada para uso recreativo.
A aposta deu certo. O brasileiro é, atualmente, o “curing manager” do Seach Medical Group, uma das maiores empresas de cannabis medicinal de Israel.
Trocando em miúdos, Scol é um "cannabinólogo", uma espécie de sommelier da cannabis, sendo o responsável pela cura da flor, ou inflorescência.
Silvio Scol supervisiona, por meio de um processo que ele próprio criou, o amadurecimento e a conservação até que a flor esteja pronta para o aproveitamento em produtos (Arquivo Pessoal)
---------
Para o brasileiro, a cannabis é uma paixão que passou de hobby à carreira profissional.
Tudo começou apenas pela curiosidade, quando ele ainda era muito jovem, em São Paulo.
Autodidata, ele aprendeu a plantar cannabis e começou a pesquisar as melhores formas de fazer a cura das tão desejadas flores para que elas alcançassem seu melhor potencial.
Mesmo quando a cannabis, mesmo a medicinal, era um tabu na maioria dos países, ele viajou pelo mundo em busca das melhores práticas.
O resultado foi a acumulação de um conhecimento que, hoje, é buscado no mundo todo.
Em seu trabalho, Silvio Scol une essa sabedoria de quem aprendeu tudo sozinho com a tecnologia inovadora dos israelenses.
“É igual a um cozinheiro, ou a vovó que cozinhava em casa com aquela panela velha de ferro e de repente ela vai para uma cozinha industrial e tem tudo aquilo na mão.
Usando todos esses equipamentos e a tecnologia, consigo fazer o meu trabalho com qualidade melhor do que eu fazia antes, é uma união de feeling e conhecimento com tecnologia.”
No entanto, a escolha do paulistano por um novo país e uma nova carreira não foi fácil.
Scol chegou a trabalhar por quatro meses como segurança de shopping center, até conseguir ser contratado pela empresa de cannabis onde está hoje.
Mesmo na atual empresa, passou alguns meses como faxineiro, limpando o chão e o maquinário.
Aos poucos, entretanto, foi conhecendo os diretores e os funcionários mais qualificados, mostrando a eles que seu conhecimento era necessário na empresa para melhorar a qualidade dos produtos.
“Um dia eu cheguei a comentar alguma coisa, começaram a me questionar e eu expliquei muitas coisas que eu tinha de conhecimento.
A bióloga-chefe estava lá, junto com os donos da empresa”, conta o brasileiro.
Silvio disse que começou a falar tantas coisas que eles disseram:
"Nossa, nós precisamos de você, porque você tem as soluções para os nossos problemas'.
Aí eu fiz uns testes lá dentro, modifiquei todo o sistema de processamento da empresa, do plantio à colheita, até a hora em que é ensacado e distribuído o produto.”
Tel Aviv, Israel
Em Israel, o uso medicinal é legal para enfermidades específicas e cada vez mais médicos e enfermeiros são preparados para receitar e preparar cannabis para quem tem autorização.
Já o uso recreativo ainda é ilegal.
Ele foi parcialmente descriminalizado em 2017, com o governo definindo, em vez de procedimentos criminais, multas e tratamento para os infratores iniciais e portadores de até 15 gramas de maconha.
Com informações da RFI