O Carnaval se tornou um dos mais notórios festejos em terras tupiniquins ao ser adaptado com muito brilho, música local e apreço popular, sendo uma festa acessível que tornou-se feriado no Brasil.
Capa do jornal O Estado de S.Paulo de 13/01/1929. Foto: Acervo/ Estadão
Comemorado em avenidas com grandes desfiles ou com passeatas em bloquinhos regionais, o Carnaval ganhou características próprias nacionalmente, tendo o samba como trilha sonora, a cerveja como companheira dos foliões e, em especial, com a formulação de um entorpecente específico para os festejos, conhecida como lança-perfume.
A droga com base em solvente inalante já teve uma posição de destaque nas comemorações, longe do status de droga barata.
Durante o início do século 20, o item alcançou popularidade nacional com receita trazida da Argentina, com seus primeiros usos sendo atribuídos ao ano de 1906.
De acordo com uma matéria divulgada pelo Hospital Santa Mônica, seu uso nos primeiros anos no Brasil era disseminado livremente com a venda em frascos dourados, sendo perfumado com aromas agradáveis ao olfato humano para atrair novos adeptos e até mesmo esguichado entre foliões, gerando o nome brasileiro de lança-perfume.
Frasco metálico de lança-perfume, como era comercializado na primeira metade do século 20 / Crédito: Wikimedia Commons
Efeito entorpecente
O composto é feito com a mistura de éter, cloreto de etila, clorofórmio e essência perfumadas, com os três primeiros ingredientes sendo nocivos ao uso humano quando inalado em tubos de alta pressão.
Na primeira versão, no entanto, só tinha éter e aromatizante na fórmula, sendo menos corrosivo no início.
Os efeitos imediatos, contudo, confundem os usuários, que podem até cogitar estarem acometidos por efeitos alucinógenos, mas, provoca intoxicação cerebral, prejudicando a capacidade motora, crítica e reflexiva.
Sabendo destes efeitos e influenciado pelo comunicador Flávio Cavalcanti, um presidente do Brasil fez questão de ordenar a proibição do item.
Em 18 de agosto de 1961, Jânio Quadros, na época presidente do país, instaurou um decreto para proibir, em instância máxima federal, a fabricação, distribuição e consumo do lança-perfume “Considerando que se vem generalizando, de maneira alarmante, a prática de aspiração do lança-perfume como meio de embriaguez”, escreveu no artigo da legislação.
Desde então, reconhecidos os efeitos da droga, sua comercialização, mesmo que sendo facilitada pela venda livre dos itens que o compõem, é proibida.
Todavia, não apenas no carnaval, mas em outros pontos de festejo durante todo o ano, é possível encontrar o popular loló nas mãos de populares.
Com informações de Aventuras na História
WALLACY FERRARI é jornalista, formado pela Faculdade Paulus de Comunicação, e radialista