Tema Livre

Da redação
10:00
25/11/2022

Filas de uma hora e mapa do álcool: saiba como é a saga de torcedores por uma cerveja no Catar

O relógio marca oito e meia da noite em Doha quando a fila já está formada na entrada do hotel Al Mansour Suítes.

Não são viajantes em busca de uma acomodação.

São os torcedores da Copa do Mundo dispostos a esperar mais de uma hora para entrar no Red Lion Pub, estabelecimento com permissão para vender cerveja, situado no quinto andar do prédio em frente ao popular parque Al Bidda.

Balcão No Red Lion: Típico Pub Inglês. Foto: Julio Filho/UmDois

Há ansiedade e alguma aflição. É preciso que alguém saia do bar, que já está com lotação máxima, para que outro possa entrar.

O argentino Maxi, 41 anos, de Buenos Aires, é um dos primeiros da fila.

Quando se consome álcool, me parece que as pessoas ficam mais eufóricas do que tomando água.

Estou vendo muita gente tomando água no Catar e parecem todas aborrecidas”, brinca, sem se incomodar com o tempo de espera.

Eu espero até qualquer hora para tomar pelo menos uma cerveja antes de ir dormir”, complementa.

Mas nesta noite Maxi deu azar. Acompanhado de um grupo de amigos, acabou barrado na entrada.

O motivo: no grupo estava também o filho de Maxi, de apenas 15 anos, e menores de idade não podem entrar.

Fila Para A Cerveja. Foto: Julio Filho/UmDois

O mexicano Juan, 47 anos, mora há um ano e meio no país árabe. Ele trabalha na indústria petroleira. Juan poderia pedir ao governo uma licença para comprar álcool, mas prefere sair de casa para confraternizar.

Não quero comprar para tomar em casa.

Prefiro sair e ver gente.

A cada duas semanas vou a um bar aqui, porque os preços são altos”, explica.

Esta não seria a primeira cerveja de Juan no dia. Ele havia ido a um hotel em West Bay, região mais ocidentalizada da capital catariana, após ver no estádio a vitória do Japão sobre a Alemanha.

Paguei 60 dólares por 3 cervejas. É muito caro, mas o futebol sem a cerveja não é a mesma coisa”, emenda.

A busca por cerveja no Catar virou motivo de mobilização. Há diferentes grupos de Whatsapp indicando locais de venda de álcool e até um mapa compartilhado.

Para evitar filas, é preciso fazer reservas. Foi que fez o brasileiro Rafael Sá, 28 anos.

Ele está sentado em uma mesa em um canto do pub com mais quatro brasileiros de Joinville.

Eu vim antes e me falaram que só se entrava com reserva. Então hoje vim preparado. Neste país para tomar uma cerveja você precisa ter uma preparação prévia gigantesca. Mas vale a pena”, conta o engenheiro civil.

 

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O Red Lion é o quinto bar diferente que ele conhece em Doha.

Copa sem cerveja não é Copa. Então a gente faz o máximo aqui para encontrar”, reforça.

Logo na recepção do pub, uma placa indica: 3 bebidas por 99 ryals – cerca de R$ 145.

Sobre o balcão, um extenso cardápio com cervejas, vinhos, drinks e destilados.

É preciso mostrar o passaporte para entrar. Pisar ali já é como pisar em um mundo diferente. Em Londres, talvez.

Apesar da fila na rua, o Red Lion não está lotado, mas apenas cheio. Há música alta, telões, torcedores fantasiados, diferentes idiomas.

Os britânicos dominam o esfumaçado cenário: com as janelas todas fechadas, é permitido fumar. Não há limites para o consumo de álcool.

É uma espécie de “oásis” para os torcedores do mundo, uma zona livre do Ocidente bem no meio do Golfo Pérsico.

 

Com informações do UmDois Esportes

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