30/09/2021 18:21

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Um número crescente de idosos franceses vive em situação de morte social, sem vínculos familiares, de amizade ou em associações comunitárias.

Essa é a constatação de um relatório da ONG Fondation Petits Frères des Pauvres, publicado nessa quinta-feira (30).

Ele aponta que 530 mil franceses com mais de 60 anos vivem em isolamento e não veem quase nunca outras pessoas.

Em 2017, esse número era equivalente a 300 mil pessoas.

Mais de meio milhão de idosos na França estão em situação de "morte social", segundo relatório da ONG Petits Freres du Pauvre, divulgado ontem, 30 (AP)

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O grupo de idosos em situação de morte social representa 3% da população francesa, o equivalente aos habitantes da terceira maior cidade do país, Lyon.

O estudo, feito pelo Institut CSA Research, descobriu ainda que o número de idosos sem vínculo com família ou amigos mais que duplicou nos últimos anos, passando de 900 mil em 2017 para 2 milhões em 2021.

Como consequência, 36% dos idosos franceses, o equivalente a 6,5 milhões de pessoas, se sentem solitários com frequência, sendo que 2,5 milhões (14%) sentem solidão diariamente ou com muita frequência.

No cotidiano, esses milhões de homens e mulheres com mais de 60 anos encontram outras pessoas apenas em circulos comunitários e associações, ou dependem da visita de voluntários.
 

Não ter com quem conversar ou ter trocas sociais significativas é uma das queixas mais comuns.

Não tenho medo de morrer. Morrer é não viver o que vivo atualmente. Não é fácil, eu não vejo ninguém.”

A fala é de Edith, uma idosa de 76 anos entrevistada pela equipe de pesquisa.
 

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De acordo com o relatório, não ter filhos ou netos, ter dificuldades de mobilidade, ter renda mensal menor que €1.000 (abaixo do salário-mínimo nacional) e não ter acesso à internet são fatores que agravam o isolamento social da população com mais de 60 anos.

O isolamento chega a ser tal que a morte passa despercebida.

Em dezembro de 2020, foi encontrado o corpo de uma idosa de 68 anos em seu apartamento no centro de Agen, uma cidade do sudoeste de 34 mil habitantes.

O corpo mumificado foi encontrado dois anos após a morte.


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O aumento do isolamento idoso, segundo os pesquisadores, é reflexo do crescimento da população mais velha nos últimos cinco anos.

A França passou de 14,7 milhões de idosos em 2017 para 18 milhões em 2021.

A mudança demográfica, que acontece em boa parte do mundo, precisa de medidas sociais específicas.

Além disso, a pandemia da Covid-19, e a consequente restrição de visitas, agravou ainda mais a situação dos idosos.

Sobretudo daqueles que não vivem em casa de repouso nem têm família, e contavam sobretudo com apoio de vizinhos ou voluntários.

Para a ONG que trabalha contra o isolamento social, são essenciais políticas públicas que favoreçam a construção de laços locais com esse grupo, seja por meio de serviços de saúde e lazer, um trabalho com comércios locais e também a integração da população mais velha a centros comunitários e educacionais.

Fonte: RFI

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