A revista semanal francesa L'Obs dedica sua capa neste fim de semana ao "tsunami de cocaína", "a segunda droga mais consumida na França, depois do cannabis", tendo como garoto-propaganda arrependido o escritor francês e ex-dependente Frédéric Beigbeder.
Chamada de "la blanche" ("a branca", em português) nas rodinhas mais animadas, o "pó" se tornou uma droga sem limites de classes sociais.
A sua produção no mundo dobrou em apenas cinco anos, chegando a 1.784 toneladas.
"Nenhuma pandemia, nenhuma guerra, nenhuma crise política ou econômica parece ter impacto sobre a produção de cocaína", afirma a revista francesa L'Obs dessa semana.
Os grandes portos franceses não passam incólumes "a esse setor em expansão", sublinha a reportagem.
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O uso da cocaína é um fenômeno que atinge todas as classes sociais na França.
Antes reservada às altas classes francesas, "a democratização da cocaína começou nos anos 2000, e se acelerou a partir de 2010", explica à L'Obs David Weinberger, codiretor do Observatório de Crimes Internacionais do Instituto de Relações Internacionais Estratégicas da França.
Segundo Weinberge, "o produto se tornou muito mais acessível com o aumento da produção e o fenômeno de massificação do tráfico".
"Algumas séries de TV talvez também tenham ajudado a banalizar a cocaína, especialmente entre os mais jovens", conta o pesquisador, para quem "os circuitos de venda também evoluíram".
"Antes o tráfico de cocaína era dissociado do da maconha. Mas, a partir de 2015, 2016, os traficantes de cannabis na periferia começaram a oferecer cocaína".
Sem fazer barulho, a cocaína acabou se impondo como a segunda droga mais consumida no país, segundo o Observatório francês de Drogas e Tendências aditivas (OFDT).
"O número de pessoas que experimentaram cocaína na França entre 11 e 75 anos era estimado a 2,1 milhões em 2017, um número muito superior aos cerca de 600 mil consumidores autodeclarados.
A fatia entre 18 e 64 anos de consumidores da droga multiplicou-se por quatro em 20 anos", afirma a revista.
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L'Obs afirma que "a França se inscreve na tendência de consumo de cocaína da Europa, que se tornou um mercado de primeira importância".
O aumento da oferta do pó branco levou à queda nos preços --1 grama custa cerca de € 70 atualmente, em comparação com € 150 dos anos 1990.
Além da queda no preço, contribuiu também o desenvolvimento de serviços de tráfico por delivery facilitado pelo boom de aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram.
"Embora menos elitista, a cocaína conserva sua imagem clean e de glamour, especialmente entre os jovens, poucos estão conscientes dos riscos para a saúde que seu consumo implica", conclui L'Obs.
Com informações da RFI