Psicóloga Ana Streit comenta como "divórcio do sono" pode interferir no relacionamento
Dormir separado seria mais saudável para as relações?
Coincidência ou não, os ex- casais Luciana Gimenez e Marcelo Carvalho; Wanessa Camargo e Marcus Buaiz e Donald Trump e Melanie dormiam em quartos separados.
Eles praticavam o “divórcio do sono”, um fenômeno que vem crescendo nos EUA, onde casais que moram juntos, dormem em quartos diferentes.
Não à toa, uma pesquisa do New York Times de 2023 com 2.200 adultos americanos, apontou que um 1 em cada cinco casais que moram juntos, um dorme em quarto separado.
Parece uma boa solução para uma noite de sono reparadora, mas como fica a relação?
A psicóloga Ana Streit explica que um sono de boa qualidade é fundamental para saúde física e mental de qualquer pessoa, mas é preciso cuidar da relação.
“O essencial é avaliar o quanto dormir em camas se- paradas de fato beneficia a relação, ou, se está a serviço de uma evitação ou resigna-ção.
Ou seja: é preciso pensar se é uma solução, ou se está camuflando algum pro- blema não resolvido, que pode ser da relação, ou mesmo, algum problema de saúde”, diz a psicóloga.
Em outra pesquisa realizada este ano pela Sleep Foundation, com 1.250 adultos, 1,4% dos entrevistados dormiam separados dos parceiros por um ano ou mais, nos EUA.
Um pouco mais da metade (52,9%) disse que dormir sozinho melhorou a qualidade do sono.
Ana Streit explica que a qualidade do sono tem sido cada vez mais es- tudada, e justamente por isso é preciso avaliar a fundo com médicos especialistas a qualidade do sono, e resolver estes problemas (de sono).
Mas, ressalta que a atitude de dormir em quartos separados gera um distanciamento físico que pode acarretar (ou, já ser um sinal de) distanciamento emocional.
“O relacionamento amoroso tem um caráter diferente de todos os outros relacionamentos que é a atração. Ao aceitar uma relação amorosa pobre em atração e conexão emocional, a pessoa deixa de viver uma relação amorosa na sua plenitude, e com isso, perde o que só a relação amorosa pode oferecer”, afirma a especialista.
Ana provoca uma reflexão para os casais que estiverem pensando em dormir separado:
quais os momentos que o casal tem de intimidade e conexão?
Qual a profundidade da conexão emocional no casal?
“É preciso ficar atento para não estar “sozinho acompanhado”, ou seja, se contentar com uma relação fria emocionalmente e pobre em afeto.
Os relacionamentos são como uma plantinha:
precisa de cuidados, de atenção, de zelo, de tempo e interesse.
Se o casal não dorme junto, como fará para manter esses cuidados constantes? Para além das relações sexuais, quando cultivarão sua conexão emocional e seus momentos de intimidade?”, indaga a psicóloga.