06/01/2023 10:52

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Ministros e uma mestre de cerimônia usaram o termo "todes" em eventos oficiais do governo Lula (PT) no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta semana.

A linguagem, conhecida como não-binária ou neutra, era criticada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores.

Margareth Menezes cumprimentou todas, 'todes' e todos em cerimônia de posse. Imagem: REUTERS/Andressa Anholete

A linguagem não-binária/neutra é uma forma política de substituir palavras que determinam gênero, utilizando o "e" no lugar de "a" e "o".

O pronome indefinido "todos" fica "todes". "Juntos" vira "juntes".


Para que serve?

É uma forma de promover a inclusão identitária de grupos LGBTQIAP+, permitindo que pessoas que não se identificam com o gênero masculino nem com o feminino também se sintam representadas.

Outra maneira, além do "e", é utilizar "i" ou "u". Por exemplo, a palavra "ele" ficaria "elu". Na escrita, algumas pessoas utilizam a letra "x" ou o caractere especial "@" para substituição.


Como surgiu a nova linguagem

A primeira língua a adotar o pronome neutro foi a sueca. A palavra "hen", na Suécia, pode descrever qualquer pessoa, independentemente da sua identidade de gênero.

Discussões sobre o assunto se intensificaram. No Brasil, após debates com pessoas não-binárias, surgiu a proposta de incorporar a linguagem neutra ao vocabulário.

Essa inclusão, no entanto, não é regra: algumas pessoas usam e outras não -- e não há em dicionários tradicionais palavras como "todes" ou "elu".

 

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No atual governo

Na segunda-feira, durante a posse do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a cerimonialista iniciou o evento referindo-se aos convidados como "todes".

A palavra também foi utilizada pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que começou sua fala com "boa tarde a todas, a todos e a todes".

Também foi utilizada em outros momentos do atual governo, como na posse do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

No Ministério da Cultura, o uso foi feito pela ministra Margareth Menezes e pela primeira-dama, Janja. Veja abaixo, a partir do minuto 15.


Histórico do PT com os pronomes

O PT pediu, em julho de 2022, que o Supremo Tribunal Federal barrasse um decreto de Santa Catarina que proibia a linguagem neutra.

O decreto de Santa Catarina dizia que a linguagem vai "contra as regras gramaticais consolidadas e ensinadas nacionalmente".

A linguagem neutra foi alvo de uma série de processos e manifestações públicas contrárias durante o governo Jair Bolsonaro. O argumento é de que é ineficaz, vai contra a gramática e a comunicação da língua portuguesa. Relacionadas

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