Segundo estudos epidemiológicos, cerca de 4% da população adulta mundial sofre com pesadelos crônicos, uma condição associada à má qualidade de sono.
Para tratar esse problema, em geral, é indicado que os pacientes realizem terapia de ensaio de imagens (TRI), método que consiste em "reescrever" os pesadelos de forma que o desfecho deles tenha um final feliz.
Imagem: Shutterstock
Por mais que seja eficaz, a terapia não é capaz de tratar todos os casos.
Por isso, pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, começaram a desenvolver outros métodos para os pacientes com essa condição.
Baseados em um estudo de 2010 sobre a reativação de memória direcionada (TMR), cientistas resolveram estudar como sons impactam e estimulam as pessoas enquanto elas dormem.
A equipe analisou 36 pacientes com pesadelos frequentes que estavam em tratamento com terapia de ensaio de imagens.
Metade do grupo foi orientada a usar o método de reativação de memória direcionada, enquanto a outra parte foi usada como grupo controle, não recebendo novos tratamentos.
Ambos os grupos utilizaram fones de ouvido durante o sono, que tocavam o acorde C69 do piano por 10 segundos enquanto os pacientes estavam na fase de movimentos rápidos dos olhos (REM), etapa do sono em que os pesadelos são mais frequentes. O experimento foi realizado diariamente durante duas semanas.
Aqueles que estavam em tratamento TMR eram estimulados a associar o acorde com o final feliz do pesadelo que haviam reescrito durante a terapia TRI.
No início do estudo, o grupo de controle tinha uma média de 2,58 pesadelos por semana.
Já o grupo que foi tratado com TMR relatava 2,94 pesadelos no mesmo período.
Ao fim do experimento, a frequência de pesadelos no grupo de controle caiu para 1,02 e a dos pacientes submetidos ao TMR chegou a apenas 0,19.
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Três meses após o experimento, os pacientes já não estavam mais em tratamento algum e foram reavaliados pelos pesquisadores.
Como esperado, a frequência de pesadelos aumentou ligeiramente em ambos os grupos.
O controle relatou 1,48 sonhos assustadores por semana, enquanto os voluntários que utilizaram a reativação de memória direcionada reportaram 0,33.
Para os pesquisadores, mesmo com o aumento observado após três meses sem terapia, ainda há uma redução expressiva na frequência dos pesadelos, o que sugere que o tratamento combinado da terapia de ensaio de imagens com a reativação de memória direcionada é mais eficaz.
"Observamos uma rápida diminuição dos pesadelos, juntamente com os sonhos se tornando emocionalmente mais positivos.
Para nós, pesquisadores e clínicos, essas descobertas são muito promissoras tanto para o estudo do processamento emocional durante o sono quanto para o desenvolvimento de novas terapias", concluiu, em nota, Lampros Perogamvros, coautor do estudo e psiquiatra do Laboratório do Sono do Hospital Universitário da Universidade de Genebra.