Cinema

Edição: Hugo Julião
09:37
13/03/2022

Al Pacino em 'O Poderoso Chefão': dificuldade para lidar com a fama e o famoso boicote ao Oscar

É difícil imaginar “O Poderoso Chefão” sem Al Pacino.

Sua atuação discreta como Michael Corleone (1972), que se tornou um respeitável herói de guerra apesar de sua família corrupta, passa quase despercebida na primeira hora do filme.

Isso até que finalmente ele se afirma, gradualmente assumindo o controle da operação criminosa Corleone e do filme junto com ela.

Alçado à fama, Al Pacino admitiu que teve bastante dificuldade para lidar com o estrelato.

O ator de 81 anos fez a reflexão numa nova entrevista ao New York Times sobre a trilogia de filmes de Francis Ford Coppola.

O ator era uma estrela em ascensão do teatro de Nova York com apenas um papel no cinema, no drama sobre drogas de 1971 "The Panic in Needle Park".

Foi quando Francis Ford Coppola lutou por ele, contra a vontade da Paramount Pictures, para interpretar o príncipe de seu épico da máfia. 

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Ele foi escalado para interpretar o mafioso após uma recusa de Jack Nicholson.

O astro de "O Iluminado" justicou a recusa dizendo que “naquela época, acreditava que indígenas deveriam interpretar indígenas e italianos deveriam interpretar italianos”.


Pacino reconhece que chegou aonde chegou graças a essa oportunidade única em sua carreira.

Para um ator, isso é como ganhar na loteria", comparou.

No entanto, a princípio, ele não levou a proposta de Coppola tão a sério, porque não acreditava que era tão famoso assim para ser considerado para o projeto (na época, o livro que inspirou 'O Poderoso Chefão', escrito por Mario Puzo, já era conhecido).

 

"Parecia tão ultrajante. Lá estava eu, falando com alguém que eu achava estar louco", ele relembrou a conversa com o diretor do longa.

 

Depois do lançamento da produção, Pacino viu sua carreira no cinema deslanchar de vez.

"É difícil explicar isso no mundo de hoje – explicar quem eu era naquela época e o 'raio' que [o filme] foi”, considerou o ator.

“Senti que, de repente, algum véu foi levantado e todos os olhos estavam sobre mim. Claro, eles estavam em outros [artistas] no filme. Mas 'O Poderoso Chefão' me deu uma nova identidade com a qual foi difícil lidar.”

Al Pacino com Marlon Brando no filme - o ator mais velho foi especialmente solidário, lembrou Pacino

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O astro chegou a ser indicado a um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pela interpretação de Michael Corleone, mas acabou não comparecendo à cerimônia da Academia.

Questionado quanto a essa ação ter sido um protesto pela nomeação não ter sido para a categoria de Melhor Ator, Pacino negou, e disse que apenas quis se opor a Hollywood.

"Eu estava naquela fase da minha vida em que eu era mais ou menos rebelde. Eu voltei para os outros [eventos]. Mas não fui neles no início. Era a tradição".


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Pacino disse que se sentia "desconfortável" por estar no mundo das celebridades naquela época.

"Eu só estava com medo de ir. Eu era jovem. Era jovem em termos da novidade de tudo isso. Era a velha síndrome do 'tiro de um canhão'. E estava ligado a drogas e esse tipo de coisa, em que eu estava envolvido antigamente, e acho que teve muito a ver com isso. Eu simplesmente não sabia das coisas naquela época".

Os bastidores de 'O Poderoso Chefão' serão relembrados na minissérie 'The Offer', que estreia em abril.

Veja o trailer a seguir:

Com informações do New York Times/Monet

Para ler a entrevista compelta, em inglês, clique aqui

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