História

Edição: Hugo Julião
08:54
11/10/2021

Aos 90, o Cristo Redentor, uma das maravilhas do mundo, consolida seu impacto no turismo

Uma multidão está no alto do Corcovado, enquanto aviões das Forças Armadas realizam manobras ao redor do monumento.

O presidente Getúlio Vargas acompanha a cerimônia ao lado de ministros e das maiores autoridades religiosas do país.

O clima era de euforia. Após cinco anos de construção, naquele dia 12 de outubro de 1931 era inaugurado o Cristo Redentor, monumento eleito uma das sete maravilhas do mundo (Acervo/O Globo)

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À noite, a população enche praias e morros para ver a imagem ser iluminada pela primeira vez. 

Já nas avenidas, procissões e bandas de música celebram o novo cartão postal do Rio de Janeiro.

O Cristo Redentor durante sua construção

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Com a inauguração do Cristo, em 1931, o Brasil mostrou ao mundo que era um país moderno e capaz de realizar grandes feitos. 

É isso o que diz Márcio Roiter, especialista no monumento e presidente-fundador do Instituto Art Déco Brasil.

“O Brasil coloca o monumento ao Cristo no alto do Corcovado como uma espécie de coroamento de sua modernidade.” 

Afinal, diz Roiter, instalar uma obra de 38 metros em uma montanha de 704 metros de altitude não foi tarefa simples.

“O Cristo é um exemplo de um Brasil que deu certo. Ele é uma proeza técnica e não há no mundo nada parecido. Se nós temos que nos orgulhar de alguma coisa no Brasil, essa coisa é Cristo Redentor”.

A estátua se firmou ao longo do tempo como o principal símbolo do Brasil no exterior, atraindo turistas

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Os números mostram a popularidade do Cristo entre os turistas. 

O Trem do Corcovado –concessionária responsável por levar os visitantes ao monumento– transportou mais 764 mil pessoas, em 2019. 

No entanto, com a chegada da pandemia, esse número caiu para 352 mil no ano passado.

A ideia de colocar a estátua no local é atribuída ao padre francês Pierre-Marie Boss, ainda no século 19. 

 

O arquiteto e engenheiro Heitor da Silva Costa

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Mas o plano começou a sair do papel só em 1921, quando o Círculo Católico do Rio escolheu o arquiteto e engenheiro Heitor da Silva Costa para tocar a obra.

Em uma viagem à França, Heitor convidou o escultor Paul Landowski para conceber os aspectos estéticos da estátua. 

O escultor Paul Landowski, referência em art déco, estilo ligado à ideia de modernidade, foi responsável por elaborar as mãos e a cabeça da escultura

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Foi justamente a participação de Landowski na obra que deu origem a uma celeuma em torno dos direitos autorais do Cristo. 

Durante anos, os herdeiros do escultor reivindicaram que o francês seria o autor do monumento, e não Heitor da Silva Costa.

No outro extremo, a família do brasileiro afirma que ele é o único autor e idealizador do Cristo.

 

Em 2011, o prefeito Eduardo Paes bateu o martelo e decidiu por decreto que o Cristo é brasileiro.

 "Fizemos uma vasta pesquisa, analisamos todo o material e ficou claro que a autoria é do Heitor", disse ele, na ocasião.

o engenheiro Albert Caqouto

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Márcio Roiter defende, porém, que o Cristo tem dupla nacionalidade, isto é, o monumento seria na verdade franco-brasileiro. 

Isso porque a estátua recebeu contribuições importantes não só de Landowski, mas de uma figura que costuma passar despercebida na biografia do Cristo.

Durante sua incursão à França, Heitor chamou o engenheiro francês Albert Caquot para realizar os cálculos estruturais do projeto.

 “Ele é o grande responsável pelo monumento estar inteiro até hoje. Se fizessem algo de concreto armado de forma medíocre, ele já teria caído”, diz Roiter.

Com informações da Folhapress

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