No pequeno museu, no centro de Copenhague, os visitantes conhecerão a história da felicidade, a política da felicidade, a anatomia dos sorrisos e por que os países nórdicos são considerados “superpoderes da felicidade”.
Nos últimos anos, a Dinamarca vem fazendo parte dos melhores lugares em termos de bem-estar, felicidade e qualidade de vida de acordo com os Relatórios Mundiais de Felicidade da ONU.
O país se preocupa tanto com a felicidade, que até existe um Instituto de Pesquisa da Felicidade (Institut for Lykkeforskning).
A curiosidade para saber o segredo da felicidade nesta parte do mundo, levou o Instituto da Felicidade a abrir nesta terça-feira (14), o primeiro museu do mundo que se concentra na criação de uma estrutura melhor para uma vida boa.
Meik Wiking, CEO do Museu da Felicidade (Fotos: Fernanda Melo Larsen)
Meik Wiking, CEO do Museu da Felicidade (Fotos: Fernanda Melo Larsen)
Meik Wiking, que está por trás do Museu da Felicidade, explica um dos motivos da criação deste espaço:
“Tivemos esse grande interesse em nosso trabalho, mas não tinhamos um lugar onde pudéssemos revelar nossa felicidade.
Sentamos oito pessoas em um escritório em frente ao computador, mas as pessoas ouvem as palavras ‘Departamento de Pesquisa da Felicidade’ e depois pensam: ‘sentamos com cachorros e sofás, tomamos chocolate quente e o hygge (palavra dinamarquesa que significa aconchego) o dia todo’.
É por isso que criamos um lugar para onde podemos enviar as pessoas, se elas quiserem ser mais sábias sobre a felicidade", diz ele.
O museu de 240 metros quadrados, tem capacidade para receber 25 visitantes de cada vez devido às normas de combate ao Covid-19 no país.
O espaço fica no subsolo de um prédio no centro histórico da capital Copenhague, e consiste em atividades interativas com experimentos, experimentos mentais.
Os visitantes conhecerão a história da felicidade, a política da felicidade, a anatomia dos sorrisos e por que os países nórdicos são considerados “superpoderes da felicidade”.
Entre outras coisas, pode-se ver vídeos de anúncios das décadas de 1950 e 1960, onde as empresas tentaram definir o conceito de felicidade.
O museu também é interativo e os visitantes participarão de pequenos exercícios envolvendo luz e chocolate, além de experimentos de pensamento.
Entre eles, está a indagação: você tomaria a pílula vermelha ou azul na Matrix, sendo colocado em uma máquina que lhe dá a ilusão de que está vivendo uma vida perfeita ou prefere viver no mundo real?
As exposições também incluem artefatos de felicidade doados por pessoas de todo o mundo que lembram seus momentos mais felizes.
Em um deles uma mulher francesa, por exemplo, doou o inalador de asma da filha, explicando que a garota não precisava mais depois que se mudaram para a Dinamarca, onde a poluição do ar é menor.
Em outra sessão, uma mãe brasileira descreve a felicidade que sentiu ao receber um desenho de quando o filho era pequeno, no qual ele dizia “eu te amo em formato de coração.”
O elemento comum aos objetos expostos é que eles podem ajudar a tornar a felicidade mais concreta - um conceito que o próprio Meik Wiking descreve como "a felicidade é simples".
Objetos expostos no Museu da Felicidade da Dinamarca
Objetos expostos no Museu da Felicidade da Dinamarca
Como a felicidade é mensurada
Para o grupo de amigos dinamarqueses Maria Have, Nikoline Poulsen e Christoffer Andersen, que visitavam o museu durante a abertura, a felicidade para os dinamarqueses é poder estar perto de quem se gosta.
“Nós acreditamos que estar aqui juntos, aproveitando o momento, é uma forma de felicidade porque estamos criando nossas memórias para o futuro” afirma Maria Have.
Mas por que os países Nórdicos costumam estar no topo dos Relatórios Mundiais de Felicidade? Como se pode realmente medir a felicidade?
O CEO do Museu da Felicidade tem uma explicação para isso: “nós, dinamarqueses, ouvimos muitas vezes que estamos entre as pessoas mais felizes do mundo. Aqui, queremos entrar, dar nuances e transmitir o que realmente é”, explica Meik Wiking.
Sorrir significa ser ou não feliz?
O museu destina uma sala para analisar o sorriso, e suas nuances através da história, e quais são os países que consideram que sorrir é sinal de inteligência ou não.
De acordo com o gráfico países como Japão, Índia e Irã consideram que os mais sorridentes são menos inteligentes.
Já na parte amarela do gráfico Alemanha, Suíça e Malásia acreditam que pessoas que sorriem mais são mais felizes.
Essa é apenas uma representação do estado de felicidade, pensa Meik Wiking, o criador do Museu.
Apesar dos dinamarqueses não serem pessoas que riem facilmente, eles se consideram felizes.
“As pessoas da América do Sul, por exemplo como no Brasil, são mais sorridentes que o dinamarqueses e os europeus em geral,” reconhece.
Ele explica ainda, que mesmo que você more na América do Sul, Europa ou Ásia, a noção de felicidade é basicamente a mesma:
"se você diz às pessoas que felicidade ou uma boa vida é que você e sua família estarem saudáveis e bem, é você ter bons relacionamentos, amor em sua vida e finanças, não ter preocupações, então as pessoas concordam que é um pacote muito bom".
Certificado de Embaixador da Felicidade
Além dos objetos expostos, os convidados também entram em campo, entre outras coisas, nos salões de conversa do Museu da Felicidade, e recebem um certificado de “embaixador da felicidade”.\
Meik Wiking espera que o museu possa criar debates e colocar em movimento os pensamentos entre os visitantes.
Ele calcula que o grupo-alvo vai variar de turistas e turmas escolares que podem aprender sobre as características especiais do estado social dinamarquês, até delegações internacionais que querem aprender um pouco do bom exemplo dos dinamarqueses como um dos países mais felizes do mundo.
Fonte: Fernanda Melo Larsen, correspondente da RFI em Copenhague