30/09/2020 21:53

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A direção do Festival Internacional de Cinema de Berlim reconheceu, pela primeira vez, o passado nazista de um de seus fundadores.

Alfred Bauer, primeiro diretor do festival, atuou como conselheiro do Reichsfilmintendanz, órgão criado por Joseph Goebbels em 1942 para controlar a produção cinematográfica na Alemanha nazista.

Em fevereiro deste ano, a Berlinale encomendou um estudo ao Instituto Leibniz de História Contemporânea, após a mídia alemã revelar a atuação de Bauer junto ao regime nazista.

Segundo um comunicado divulgado pelo festival nesta quarta-feira, a pesquisa comprovou que Bauer se juntou a várias organizações nacional-socialistas a partir de 1933, tendo, inclusive, se tornado membro do Partido Nazista em 1937.

Além disso, o comunicado afirma que, após o fim da 2ª Guerra, Bauer tentou ocultar seu papel no regime por meio de declarações "deliberadamente falsas" e "meias-verdades".

Ele dirigiu o festival entre 1951 e 1976.

Alfred Bauer (à esq.) com Walt Disney no Festival de Berlim de 1958 (Getty Images)

Alfred Bauer (à esq.) com Walt Disney no Festival de Berlim de 1958 (Getty Images)

"As novas descobertas, agora cientificamente pesquisadas, sobre as responsabilidades de Alfred Bauer no Reichsfilmintendanz e seu comportamento no processo de desnazificação são surpreendentes. No entanto, eles constituem um elemento importante no processo de lidar com o passado nazista de instituições culturais que foram fundadas após 1945”, disse a diretora executiva da Berlinale, Mariette Rissenbeek.

O festival já havia decidido abolir o prêmio que levava o nome de Bauer, após a publicação das reportagens que o ligavam à máquina de propaganda comandada por Goebbels.

A partir de 2021, o troféu será transformado em um Grande Prêmio do Júri, integrando a lista de Ursos de Pratas entregues aos melhores filmes.

Com informações da Ag. O Globo

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