Economia & Negócios

Edição: Hugo Julião
01:25
02/10/2020

STF libera Petrobras a vender refinarias sem autorização do Congresso

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nessa quinta-feira (1) permitir que a Petrobras venda suas refinarias sem aval do Legislativo.

A corte rejeitou uma ação em que o Congresso acusava o governo de desmembrar a empresa estatal matriz para vender subsidiárias, que não dependem de aval do parlamento para serem privatizadas.

A decisão dá força ao plano de vendas da Petrobras, que pretende negociar oito refinarias.

As ações preferenciais da estatal, mais negociadas, fecharam o dia em alta de 0,91%, mesmo com o petróleo em queda.

A maioria dos ministros discordou da tese levantada na ação pelo parlamento.

Os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Luiz Fux votaram nesse sentido.

O relator, Edson Fachin, e os ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Rosa Weber divergiram.


O STF ainda deve voltar a discutir o tema quando for analisado o mérito da ação.

Na prática, no entanto, o resultado do julgamento desta quinta cria precedente a ser aplicado em outras estatais que adotarem a mesma estratégia para aumentar sua arrecadação.

 

No caso em análise, o Congresso citou uma refinaria da Bahia e outra do Paraná e requereu que o Supremo vetasse a “criação artificial de subsidiárias”.

Para a maioria, porém, a Petrobras não desrespeitou a decisão do STF de 2019, quando a corte determinou que, nos casos de perda de controle acionário, o governo só pode fazer a negociação se tiver aval do Congresso.

Os ministros entenderam que, como a União continuará com o comando da estatal, a venda das refinarias não viola o entendimento do Supremo.

Moraes foi o primeiro a abrir divergência em relação ao relator. O ministro afirmou que fraude e desvio de finalidade para perda de controle acionário não é permitido, mas que este não é o caso.

Ele citou o julgamento de 2019 e disse que, na ocasião, o Supremo decidiu que a transferência do controle de subsidiárias não exigiria essa anuência do Legislativo.

Segundo Moraes, “a empresa-mãe não pretende perder valor na bolsa, não pretende perder comando acionário, ela pretende realizar um plano de desinvestimento buscando otimizar sua atuação e garantir maior rentabilidade e eficácia a empresa”.

 

Barroso acompanhou o raciocínio do colega e reafirmou que a venda de subsidiária não exige autorização legislativa.

“Nem sequer se tangencia questão de alienação de controle. Portanto, não vejo fraude."

 

Fachin, porém, afirmou que seria indispensável nesse caso a autorização do Poder Legislativo.

“Não se está afirmando que essa venda não seja possível, necessária ou desejável dentro do programa de desinvestimentos da empresa, mas que essa ação depende do necessário crivo do Congresso Nacional e procedimento licitatório”.

Após o julgamento, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, divulgou comunicado comemorando a decisão.

“Estamos muito felizes. Sempre acreditamos no resultado positivo porque temos confiança na capacidade de nossa Suprema Corte”, afirmou.

 

A estatal está em fase avançada de negociações de duas das oito refinarias à venda, localizadas na Bahia e no Paraná.

A empresa alega que a redução de sua presença no setor de refino atende a determinação do Cade (Conselho Administativo de Defesa Econômica).

 

Os sindicatos de trabalhadores da Petrobras, porém, dizem ainda esperar reversão da decisão quando o mérito da ação for a julgamento no STF.

"O STF acabou atropelando o Congresso", disse o diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Deyvid Bacelar.

Com informações da Folha de S.Paulo

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