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Edição: Hugo Julião
08:43
14/07/2021

Após França exigir prova de vacinação para ir a bares, 1,7 milhão correm para se imunizar

O anúncio do presidente da França, Emmanuel Macron, na segunda (12), de que um passe sanitário será exigido para frequentar locais de cultura e lazer gerou uma corrida pela vacina no país europeu.

Apenas nessa terça (13) 792.339 franceses receberam uma dose do imunizante contra a Covid-19, cifra 23% maior do que a registrada na quinta-feira (8).

O recorde anterior era referente ao dia 18 de junho, com 752.795 fármacos aplicados.

Pessoas esperam na fila para vacinar, no estádio Stade de France, em Paris (Thomas Samson/AP)

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Após o anúncio de Macron, houve também forte procura para agendar a vacinação: mais de 1,7 milhão de franceses, ou 2,5% da população, reservaram um horário na segunda e nesta terça para receber a primeira dose.

A busca foi tão grande que o site Doctolib, uma das maiores plataformas do país para agendamentos médicos, caiu meia hora depois do início do pronunciamento do presidente, às 20h no horário local.

Às 21h, eram 20 mil agendamentos por minuto, de acordo com o serviço.

Segundo o médico francês Michaël Rochoy, pesquisador da Universidade de Lille, boa parte dessas pessoas estava indecisa ou deixando a imunização para depois por uma série de motivos.

As medidas anunciadas em um pronunciamento acompanhado por 22,4 milhões de pessoas, segundo o jornal francês Le Monde, determinam que, para ir a espetáculos, parques de diversão, shows ou festivais a partir de 21 de julho, será necessário apresentar um certificado de vacinação ou teste negativo recente, o tal passe sanitário.

Já para cafés, restaurantes, trens e ônibus de longa distância, a medida valerá em agosto, ainda sem data definida.

Ao canal BFM-TV, o ministro da Saúde, Olivier Véran, afirmou nesta terça que não será no primeiro dia do mês, “porque a lei não terá tempo de ser promulgada e totalmente aplicada a partir” dessa data.

Funcionária confere certificado de vacinação na abertura da 29ª edição do festival de música Les Vieilles Charrues, em Carhaix-Plouguer, no oeste da França (Sammer Al-Doumy/AFP)

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Os franceses têm, historicamente, receio de se imunizarem. O início da vacinação contra a Covid no país foi permeado de incertezas:

58% da população rejeitava os fármacos, segundo levantamento feito nos dias 22 e 23 de dezembro pelo instituto Odoxa para os veículos Le Figaro e Franceinfo.

A pesquisa indicou ainda que um dos principais motivos apontados pelos entrevistados era que “não se vacinar é uma decisão razoável tendo em vista uma nova doença e uma nova vacina”.

 

Hoje, ao todo, 52,6% da população já recebeu ao menos uma dose, e 36,8%, as duas.

 

Reino: o espetáculo assombroso e profundamente belo de Anne-Cécile Vandalem usa no palco contraste - uma floresta e uma cabana de madeira real (Christophe Raynaud de Lage / Festival d'Avignon)

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A nova determinação já provocou polêmica na França.

O presidente da Federação Nacional de Cinemas Franceses, Richard Patry, disse ao Le Monde que a imposição do passe sanitário em locais de cultura mais cedo do que nos demais estabelecimentos é uma espécie de punição.

O Festival de Avignon, cuja programação paralela reúne diversas apresentações em 115 teatros e vai até 31 de julho, será diretamente impactado, por exemplo.

O comprovante de vacinação ou teste negativo só era exigido, até o momento, em espetáculos no pátio principal do Palácio dos Papas, com capacidade de cerca de 2.000 lugares.

Isso será de uma dificuldade extrema em termos de pessoal e material para validar o passe”, comentou Olivier Py, diretor artístico do festival, ao jornal francês.

Com informações do France 24

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