Ciência & Tecnologia

Edição: Hugo Julião
06:36
04/10/2020

Cérebro que virou vidro após erupção do Vesúvio preserva neurônios

Em janeiro de 2020, um estudo publicado no periódico The New England Journal of Medicine revelou que o cérebro de uma vítima da erupção que aconteceu Vesúvio, na Itália, em 79 d.C, havia se transformado em vidro.

Nesta sexta-feira (2), uma nova pesquisa, divulgada na revista científica PLOS ONE, indica que as células cerebrais do homem ainda estão preservadas.

“Nossos resultados mostram que o processo único de vitrificação que aconteceu em Herculano congelou estruturas neuronais dessa vítima, mantendo-as intactas até hoje”, disse, em comunicado, Pier Paolo Petrone, líder do estudo e antropólogo forense da Universidade Federico II de Nápoles, também na Itália.

Há quase 2 mil anos, a erupção do Vesúvio atingiu a antiga cidade de Herculano, próximo a Pompeia.

Apesar das mortes e destruições, a alta temperatura — que ultrapassou 500 °C — fez com que o material orgânico cerebral fosse preservado, ainda que em forma de vidro.

Amostra de cérebro vitrificado onde pesquisadores italianos identificaram estruturas neuronais preservadas (Foto: Pier Paolo PetroneUniversidade Frederico II de Nápolis, Itália)

Segundo o portal Live Science, nas novas investigações, os cientistas utilizaram microscopia eletrônica para analisar detalhes do cérebro.

Foi aí que observaram estruturas esféricas minúsculas e outras maiores e tubulares, o que se parece exatamente como neurônios e axônios, “cabos” responsáveis por conduzir os impulsos elétricos.

As estruturas esféricas ainda parecem conter membranas celulares, além de filamentos internos e pequenas vesículas, que ajudam a transportar proteínas para a célula.

Cérebro de vítima se transformou em vidro após erupção do Vesúvio, em 79 d.C. (Foto: New England Journal of Medicine)

Os estudiosos também viram que o material é rico em carbono e oxigênio, indicando que era, de fato, orgânico.

De acordo com o Live Science, os pesquisadores também confirmaram que as proteínas identificadas fazem parte do tecido cerebral humano. 

Petrone e seus colegas suspeitam que podem ter descoberto parte da medula espinhal e do cerebelo do homem, uma estrutura cerebral na base do crânio que está envolvida no movimento e na coordenação.

Fonte: Revista Galileu

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