Um grupo de cientistas de primeira linha pediu na quinta-feira “uma investigação autêntica” sobre a origem da pandemia de covid-19 e defendeu que “continuam sendo possíveis tanto a teoria de uma fuga acidental de um laboratório quanto a de um salto natural a partir dos animais”.
Entre os 18 signatários estão alguns dos pesquisadores que lideraram o estudo do novo coronavírus, como a imunologista Akiko Iwasaki, da Universidade de Yale (EUA); o microbiologista David Relman, da Universidade de Stanford (EUA); e o epidemiologista Marc Lipsitch, da Universidade de Harvard (EUA). Sua carta foi publicada na revista Science, uma vitrine da melhor da ciência internacional.
Artista britânico Luke Jerram olhando para sua escultura de vidro do vírus Sars-CoV-2, intitulada "coronavirus COVID-19", em foto tirada em 17 de março de 2020. Foto: Adrian Dennis/AFP
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Os autores criticam abertamente o relatório da missão conjunta da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da China, que há três meses concluiu que a hipótese do acidente de laboratório era “extremamente improvável”, enquanto a transmissão natural a partir de um reservatório animal era “provável ou muito provável”.
Os 18 cientistas afirmam que não há provas para afirmar isso e lembram que a equipe chinesa se encarregou de preparar as informações e as amostras que foram então analisadas por especialistas da OMS.
O Instituto de Virologia de Wuhan, com laboratórios de alta segurança nos quais se trabalha com coronavírus, está a 14 quilômetros do mercado de Huanan, apontado como foco inicial da pandemia (Shepherd Hou/EFE)
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Os 18 signatários da carta da Science lembram que União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão e outros países já criticaram no dia 10 de março os atrasos da missão da OMS à China e a falta de acesso às amostras animais e humanas originais.
Os 18 cientistas pedem uma investigação transparente e com supervisão independente.
“Até que tenhamos dados suficientes, devemos levar a sério tanto a hipótese de uma origem natural quanto a de um acidente de laboratório”, concluem os autores.
O próprio diretor-geral da OMS, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse no dia 30 de março que a hipótese da fuga do vírus de um centro científico deve ser investigada mais a fundo (Denis Balibouse/Reuters)
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Entre os 18 signatários da carta da Science também se destacam o microbiologista Ravindra Gupta, da Universidade de Cambridge (Reino Unido); o geneticista Rasmus Nielsen, da Universidade da Califórnia em Berkeley; a imunologista Sarah Cobey, da Universidade de Chicago; o bioquímico Jesse Bloom, do Centro de Pesquisa Fred Hutchinson; e a bióloga molecular Alina Chan, do Instituto Broad, os quatro últimos nos EUA.
Com informações de El País