12/10/2020 10:01

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Depois de mais de um ano de cobrança, a Nasa apresentou pela primeira vez quanto espera gastar para levar humanos de volta à superfície da Lua até 2024, com seu programa Artemis.

A etiqueta de preço: US$ 28 bilhões (aproximadamente 154 bilhões de reais), daqui até a data do primeiro pouso.

Isso, evidentemente, segundo a própria Nasa, notoriamente conhecida por ser, digamos, otimista ao extremo na hora de estimar o custo de seus programas de grande porte.

É a forma gentil de dizer que quase nada que a agência começa termina com o preço originalmente estipulado – seja o Hubble, o James Webb, a estação espacial, os ônibus espaciais, o foguete SLS ou a cápsula Orion, para citar alguns itens de maior visibilidade.

O Escritório do Inspetor-Geral da Nasa (uma espécie de controladoria interna) fez questão de lembrar isso na última quinta-feira (8), ao anunciar o início de uma auditoria para avaliar os processos pelos quais a agência estima os custos de programas multimissões, mencionando nominalmente o Artemis.

Por Salvador Nogueira | Blog Mensageiro Sideral

Concepção artística de astronautas trabalhando na superfície da Lua (Crédito: Nasa)

O documento apresentado pela Nasa detalha tudo que já foi feito nas frentes requeridas para o projeto: o foguete de alta capacidade SLS, a cápsula tripulada Orion, a construção da estação lunar Gateway e os segmentos comerciais, com transporte de carga lunar e o desenvolvimento do elemento mais crítico, o módulo de alunissagem capaz de levar os astronautas ao solo do satélite natural.

A proposta segue sendo realizar a missão Artemis I, com um SLS e uma Orion sem tripulação, até o fim de 2021. Já a primeira missão tripulada ao redor da Lua, Artemis II, viria em 2023. 

A sala de controle da estação Gateway que parece ter saído de um filme de Hollywood (Imagem: Gateway Foundation)

E a única mudança aqui foi a inclusão de alguns testes de manobra e ensaio para a acoplagem, que serão necessários para o Artemis III, em que os astronautas se encontrarão em órbita lunar, a bordo de uma cápsula Orion, com uma nave capaz de levá-los à superfície.

A estação Gateway, apesar de não estar no chamado “caminho crítico” para a Lua, é considerada um elemento de sustentabilidade do programa, oferecendo um alvo para visitas constantes de tripulações em espaço profundo.

A principal informação do documento, contudo, é mesmo o orçamento. E o maior custo apresentado nele é o do módulo de pouso tripulado. A Nasa espera que ele custe US$ 16,1 bilhões, entre os anos fiscais 2021 e 2025.

Outros US$ 7,6 bilhões são para a conclusão do desenvolvimento da Orion e do SLS. E o que envolve logística de superfície, tecnologias de exploração e trajes lunares inteira o valor de US$ 28 bilhões.

A agência também apresenta o custo de um pouso lunar em 2024, versus 2028, e mostra que praticamente não há diferença de custo, embora, claro, o pouso em 2024 gaste o dinheiro mais depressa, em menos tempo.

A Nasa quer com isso convencer o Congresso americano a financiar a empreitada.

O que nunca é fácil, e fica ainda mais complicado neste ano tão turbulento, com a eleição presidencial, a pandemia do novo coronavírus e a disputa de alta voltagem em torno da nomeação da juiza ultraconservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida

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