25/03/2021 02:31

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Apenas algumas semanas atrás, muitos países europeus esperavam que seus cidadãos mais ricos começassem a gastar os recursos acumulados durante a pandemia para desencadear uma recuperação liderada pelo consumidor na economia da região.

Mas com os novos blqueios em todo o continente e campanhas de vacinação atrasadas, ainda não está claro quando - ou mesmo se - os níveis recordes de poupança privada finalmente se converterão em um boom de gastos.

A imagem mostra a Praça Kennedy, no centro de Essen, Alemanha, abandonada devido ao bloqueio por causa da Covid-19 (Wolfgang Rattay/Reuters)

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Embora a pandemia tenha ameaçado ou destruído o sustento de milhões, aqueles que tiveram a sorte de continuar trabalhando reforçaram, em muitos casos, suas contas de poupança, pois as restrições os privaram de oportunidades de gastar.

Na Alemanha, a poupança como proporção da renda disponível aumentou para um recorde de 16,2% no ano passado, em comparação com 10,9% em 2019.

Na França, essa taxa foi de 22,2% no quarto trimestre do ano passado. O mesmo aconteceue na Itália e na Espanha, onde a poupança também aumentou fortemente.


Os analistas esperavam que essa reserva de poupança forçada começasse a ser liberada na economia da zona do euro a partir de agora, dando início a uma recuperação local que já deve ficar bem atrás da dos Estados Unidos.

No entanto, novas restrições, como as da Alemanha e da França, as duas maiores economias da zona do euro, atrapalham essas esperanças.

"Se as medidas de saúde mais recentes não excederem as 4 semanas planejadas atualmente, podemos esperar um grande efeito de recuperação no segundo trimestre, o que ajudaria a compensar o impacto dos novos bloqueios", disse o economista da Euler Hermes França, Selin Ozyurt.

Uma mulher caminha em rua vazia da Cidade Velha de Nice enquanto os 16 departamentos mais afetados da França entrarão em um terceiro bloqueio imposto para diminuir a taxa de contágio da Covid-19 (Eric Gaillard/Reuters)

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O mesmo vale para a Alemanha, onde o Banco Central do país previu em dezembro que a economia cresceria 3% este ano.

Isso com base na suposição de que as medidas de contenção seriam afrouxadas na primavera (entre março e junho), à medida que mais e mais pessoas recebessem a vacina.


Embora o economista-chefe do BC alemão, Jens Ulbrich, acreditasse num retorno forte do consumo assim que as restrições fossem reduzidas, outros disseram que havia razões plausíveis pelas quais os gastos não seriam tão intensos quanto o esperado.

"Certas compras não podem ser repetidas várias vezes. Qualquer pessoa que durante o primeiro bloqueio comprou uma nova TV gigante, para um cinema em casa, ou uma cozinha de alta tecnologia, não fará isso novamente depois de seis meses", disse Rolf Buerkl, do instituto GfK, que realiza pesquisas mensais com o consumidor.

"O mesmo se aplica a certos serviços. Você certamente não vai ao cabeleireiro com mais frequência para compensar todos os cortes perdidos durante o bloqueio. Portanto, certos gastos do consumidor são simplesmente perdidos no longo prazo."


O economista-chefe do Banco Central Europeu, Philip Lane, disse na terça-feira que a expectativa de que as medidas de bloqueio possam persistir no segundo trimestre já foi considerada na previsão do banco de crescimento de 4% na zona do euro este ano.

Ele acredita que os planos atuais da União Europeia trazem a perspectiva de um aumento substancial na vacinação, o que permitirá controlar o vírus e uma abertura progressiva da economia na zona do euro.

Com informações da Reuters

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