Apesar do apelo do governo federal pela isenção total do ICMS sobre os produtos da cesta básica, a medida ainda é adotada por poucos estados brasileiros, segundo levantamento do O Globo.
A maioria dos estados já aplica alíquotas reduzidas, mas a isenção completa é rara. Apenas São Paulo e Bahia informaram ter alíquota zero para mais da metade dos produtos analisados — sendo que, na Bahia, parte da isenção só vale para itens produzidos localmente.
Produtos analisados no levantamento
- Carne
- Leite
- Arroz
- Feijão
- Macarrão
- Farinha
- Café
- Açúcar
- Manteiga
- Pão francês
Destaques por estado
Bahia
- Isentos: leite, feijão, arroz, farinha, pão francês, carne e macarrão (os três últimos apenas se produzidos na Bahia).
- Taxa de 20,5%: café em pó, açúcar e manteiga.
- Além dos 10 produtos analisados, têm alíquota zero para milho, sal de cozinha, fubá de milho, ovos, frutas, legumes e hortaliças.
São Paulo
- Isentos: maioria dos produtos da cesta.
- Com alíquota de 7%: carnes, café, açúcar e manteiga.
- Também isenta hortifrutigranjeiros, ovos, biscoitos e bolachas.
Outros estados
- Piauí foi o único a anunciar redução de taxas após o apelo do governo federal.
- Espírito Santo, Alagoas, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Acre informaram que estão avaliando a ampliação da desoneração, mas apontam impacto na arrecadação.
Estimativas de impacto econômico
- Segundo o Ministério da Fazenda, a isenção total do ICMS nos estados poderia:
- Reduzir em 2,91 pontos percentuais a inflação de alimentos.
- Diminuir em 0,46 ponto percentual a inflação medida pelo IPCA.
- XP Investimentos estima uma redução de:
- 0,65 ponto percentual no IPCA total.
- 4,2 pontos percentuais na inflação de alimentação no domicílio, caso o benefício seja totalmente repassado ao consumidor — o que é considerado improvável.
Um estudo da FGV Direito SP, de 2023, aponta que, em média, apenas 13% da redução de ICMS é percebida pelo consumidor final.
Entraves e posicionamentos
- Muitos governadores defendem que qualquer renúncia fiscal deve ser compensada pela União, o que não está previsto atualmente.
- A desoneração depende de convênio no Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), mas ainda não há consenso sobre o tema.
- Santa Catarina estima uma perda de R$ 1,1 bilhão com a isenção total e questiona a falta de compensação federal.
- A secretária da Fazenda de Sergipe, Sarah Tarsila, defendeu que o estado já concede benefícios fiscais variados e que qualquer nova renúncia precisa de medidas compensatórias.
Contexto político
- O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PL), afirmou que o estado já fez o “dever de casa” e cobrou o mesmo da União.
- O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu a fala, classificando como "fake news" a sugestão de que o governo federal não faz sua parte.
- O vice-presidente Geraldo Alckmin tem liderado o apelo para que os estados sigam o exemplo da União, que já isenta os produtos da cesta básica dos tributos federais.
Reforma Tributária
A discussão sobre isenção de impostos em alimentos será encerrada com a implementação da Reforma Tributária, que já prevê alíquota zero de CBS (tributo federal) e IBS (tributo estadual e municipal) para produtos da cesta básica. Entretanto, a medida ainda não está em vigor.
Com informações do O Globo